Melhor amigo de Costa recorreu a consultoria milionária de Fernando Pinto na TAP - TVI

Melhor amigo de Costa recorreu a consultoria milionária de Fernando Pinto na TAP

Diogo Lacerda Machado [Foto: Tiago Petinga/ Lusa]

Em causa está um contrato de 1,6 milhões de euros para que Fernando Pinto prestasse consultoria à TAP após deixar a liderança da empresa. O negócio está a gerar muitas dúvidas aos deputados, sobre a existência real de trabalho – que é, agora, confirmada

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Diogo Lacerda Machado, ex-administrador não executivo da TAP e conhecido como “o melhor amigo” do primeiro-ministro António Costa, terá recorrido à consultoria milionária prestada por Fernando Pinto na TAP, após o gestor brasileiro ter deixado de ser presidente executivo da companhia aérea.

Em causa está um contrato de 1,6 milhões de euros para que Fernando Pinto prestasse consultoria à TAP.

Na comissão de inquérito à gestão da TAP, Miguel Frasquilho, ex-presidente do conselho de administração, reconheceu que consultou Fernando Pinto “algumas vezes”: “verbalmente, mas poucas”.

“Mas sei de um colega meu, o presidente da comissão de estratégia, Diogo Lacerda Machado que, com muita frequência, usou os serviços e conselhos do engenheiro Fernando Pinto”, concretizou.

Segundo Frasquilho, Fernando Pinto estava “disponível para o que fosse necessário”, mas os contactos, havia de garantir depois a Mariana Mortágua, foram “informais e verbais”.

“Não posso assegurar que não tenha havido reuniões e conversas formais. Na comissão estratégica é provável que tenha acontecido e é possível que a comissão executiva tenha pedido um apoio maior do engenheiro Fernando Pinto do que referi em relação a esta situação específica”, acrescentou.

Miguel Frasquilho não conseguiu concretizar com que frequência Fernando Pinto esteve na TAP a prestar esses serviços, admitiu que a comissão executiva terá tido “apoio maior”, mas não tem documentação que comprove os serviços.

Relativamente ao contrato, que se tornou público com a comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, explicou que “não passou pelo conselho de administração”, mas sim pela comissão executiva.

 

Pinto opiniou sobre aviões do polémico negócio de Neeleman 

Uma das matérias onde Fernando Pinto prestou consultoria foi relativamente à eficácia dos aviões comprados pela TAP.

“A troca de aeronaves também fez sentido, em minha opinião. Pelo que soube, por exemplo, através do senhor engenheiro Fernando Pinto, é que os A350 só eram melhores em termos de utilização e mais eficientes que os A330, que foram comprados, se a TAP tivesse em voos superiores a 11 horas de duração”, concretizou.

Em causa está um negócio levado a cabo por David Neeleman com a Airbus, que terá servido para financiar a sua própria entrada no capital da TAP, com as aeronaves a serem compradas a um preço acima do valor de mercado.

“A estratégia [de expansão da TAP] parecia fazer sentido, nunca tive indicação de que os aviões estivessem mais caros que o preço de mercado”, juntou Frasquilho.

 

Administradores do Estado alertaram para pré-reforma milionária

Outro das polémicas descobertas com a comissão de inquérito é o acordo de pré-reforma de 1,35 milhões de euros com o administrador Max Urbhan – que a TAP, posteriormente, anulou, exigindo a devolução do valor, que ainda está à espera.

“Nessa altura o tema foi a conselho de administração e o que nos foi transmitido por David Pedrosa é que o plano de pré-reformas em vigor era transversal a toda a empresa e semelhante a outros programas de pré-reforma em que o critério de antiguidade mínima não foi considerado exigível, recordou Frasquilho.

O antigo “chairman” havia de informar que foram os administradores nomeados pelo Estado quem deu o alerta no sentido de impedir a acumulação da pré-reforma com o salário de administrador.

“Foi-nos garantido que o processo tinha decorrido nos recursos humanos, na área jurídica e jurídico-laboral e não havia qualquer problema”, completou.

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