O ministério das Infraestruturas veio esta quinta-feira, 6 de abril, clarificar que foi a TAP quem transmitiu o seu “interesse em participar na reunião com o Grupo Parlamentar do PS”, que teve lugar no dia 17 de janeiro, na véspera da audição no Parlamento da CEO Christine Ourmières-Widener. Desta forma, João Galamba desmente a versão apresentada no Parlamento pela gestora francesa.
"O Ministro das Infraestruturas foi informado de que a TAP, na tarde do dia 16 de janeiro, tinha transmitido o seu interesse em participar na reunião com o Grupo Parlamentar do PS", informou em comunicado o ministério de João Galamba.
Em causa está uma reunião com “socialistas” no passado dia 17 de janeiro revelada esta semana por Christine Ourmières-Widener durante a audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP. A presidente executiva revelou que o encontro partiu da “iniciativa” do ministério das Infraestruturas, tendo nele participado “membros júnior” do Governo, como assessores e chefes, de gabinete, mas nenhum governante.
Nesse encontro, confirmou, esteve também o deputado socialista Carlos Pereira, a escolha do PS como coordenador do partido para a comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP.
A 18 de janeiro, a ainda presidente executiva da TAP foi ao Parlamento, à Comissão de Economia, para falar do caso da polémica indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis.
“Nos termos do Regimento da Assembleia da República e em conformidade com a prática parlamentar e de todos os Grupos Parlamentares, as reuniões entre Deputados, membros do Governo, dirigentes da Administração Pública ou de empresas públicas são comuns e destinam-se à partilha de informação”, insiste o ministério de João Galamba em comunicado.
Nesse sentido seguiu também Christine Ourmières-Widener, informando que o encontro seguiu para colocar os diferentes intervenientes a par da situação da empresa, rejeitando que tenha servido para “combinar perguntas” para as explicações a dar no dia seguinte aos deputados.
É precisamente numa das frases da gestora francesa que o ministério das Infraestruturas utiliza para se justificar neste ponto: “As pessoas queriam perceber o que se passou, foi mais um briefing do que uma reunião de estratégia (…). Não me lembro de qualquer combinação de perguntas”.
“O Ministro das Infraestruturas não se opôs à participação da TAP na reunião, agendada pela Área Governativa dos Assuntos Parlamentares para o dia 17 de janeiro, tendo o seu Gabinete procedido em conformidade”, refere a tutela.
A reunião teve lugar “pelas 12 horas, sem a presença do ministro das Infraestruturas”. E a representar esta pasta estiveram presentes “o adjunto Dr. Frederico Pinheiro e a técnica especialista Eng.ª Cátia Rosas”.
A descoberta deste encontro, apelidado como “reunião secreta”, criou desconforto de imediato nos deputados que levavam a cabo a audição de Christine Ourmières-Widener. PSD e Chega tentaram mesmo que o deputado Carlos Pereira fosse substituído nessa inquirição, mas o presidente da comissão, o socialista Jorge Seguro Sanches, lembrou que todos os parlamentares tinham assumido o compromisso de que não haveria incompatibilidades nesta função.
No dia seguinte, também a antiga administradora da TAP Alexandra Reis, que recebeu a indemnização de 500 mil euros na origem desta polémica, foi diretamente confrontada se tinha tido alguma reunião com algum dos deputados que se encontravam na sala.