A subida das taxas de juro que servem de indexante ao crédito à habitação parece estar perto do fim e no caso da Euribor a 12 meses, aquela que é a mais utilizada em Portugal, deverá mesmo registar-se uma descida em agosto face ao valor médio registado em julho, algo que não acontecia desde janeiro de 2022.
Com os dados já conhecidos das Euribor em agosto, faltando apenas o valor desta quinta-feira, dia 31, é também possível verificar que a Euribor 6 meses deverá ficar praticamente inalterada face ao valor registado no mês passado, registando até ao momento uma subida de apenas 0,001 pontos percentuais face à média de julho.
Atualmente, estas duas taxas são as mais usadas como indexante no crédito à habitação em Portugal. Segundo dados do Banco de Portugal, referentes a junho, do total de crédito à habitação existente em Portugal, cerca de 87% está concedido com base em taxas variáveis e, deste montante, quase 40% é indexado à Euribor 12 meses e 35% à Euribor 6 meses.
A Euribor 3 meses, que é utilizada em 23% dos contratos, é a única taxa que ainda continua a subir em agosto, mas, mesmo assim, o valor da subida tem vindo a desacelerar e deverá ser o mais baixo registado desde maio do ano passado, dando sinais de que o fim das subidas também estará perto.
NOTA | O que são as taxas Euribor
Euribor é a abreviatura de Euro Interbank Offered Rate. As taxas Euribor baseiam-se nas taxas de juro que um conjunto de bancos europeus está disposto a pagar para emprestar dinheiro uns aos outros. No cálculo, os 15% mais altos e mais baixos de todas as cotações recolhidas são eliminados. As restantes taxas são calculadas como média e arredondadas a três casas decimais. O valor das taxas Euribor é determinado e publicado diariamente. Existem cinco taxas Euribor diferentes, todas com diferentes maturidades (uma semana, um mês, três meses, seis meses e 12 meses).
A subida das taxas Euribor tem-se vindo a verificar desde que se interiorizou nos mercados a convicção de que o Banco Central Europeu (BCE) iria iniciar uma subida das suas principais taxas de juro para tentar controlar a taxa de inflação galopante que se registava na zona euro.
A primeira subida de taxas decidida pelo BCE ocorreu em julho do ano passado. Mas por essa altura já as taxas Euribor tinham começado a subir, depois de um longo período de taxas negativas ou próximas de zero. Em junho de 2022, por exemplo, ainda antes da primeira subida de juros por parte do BCE, a Euribor 12 meses já se encontrava muito próxima de 0,9%, mas em janeiro ainda era negativa.
NOTA | O BCE tem três taxas de juro de referência:
- A taxa das principais operações de refinanciamento, sob a qual os bancos podem contrair empréstimos junto do BCE pelo prazo de uma semana: está nos 4,25%, mas esteve fixada em zero entre março de 2016 e julho do ano passado;
- A taxa de depósito, que determina os juros que os bancos recebem pelos depósitos realizados junto do BCE: está em 3,75%. Mas entre julho de 2012 e junho de 2013 era de zero. E entre junho de 2013 e julho do ano passado era negativa, obrigando os bancos a pagar pelos depósitos que faziam no BCE;
- E a taxa de cedência de liquidez, que determina o juro que os bancos pagam quando contraem empréstimos junto do BCE pelo prazo de um dia (overnight). Está atualmente em 4,50%.
A aparente travagem na subida das taxas Euribor resulta de existir nos mercados a convicção de que a política de subida de taxas de juro por parte do BCE está, também ela, perto do fim.
A grande questão que ainda se coloca é saber se o BCE voltará a subir taxas de juro este ano. Os mercados ainda veem como grande probabilidade que se registe pelo menos mais uma subida de 25 pontos base até ao final do ano. Num inquérito feito pela agência Reuters a 70 economistas, publicado a 11 de agosto, 53% das respostas apontavam para que não houvesse uma subida de taxas de juro pelo BCE na reunião de setembro, mas os mesmos 53% acreditam que as taxas de juro deverão subir mais 0,25 pontos percentuais até ao final do ano.
Prestação da casa continua a subir
Apesar da expectável travagem na subida das taxas de juro entre julho e agosto, quem tiver o seu crédito à habitação revisto em setembro irá voltar a sentir uma subida na prestação a pagar ao banco. Uma situação que decorre do facto de termos de comparar a taxa de juro em vigor na última revisão e não a taxa praticada em julho.
A prestação de quem tiver o seu contrato revisto em setembro será feita com base nas Euribor de agosto. E se se levar em conta os dados até dia 30, então, num contrato de 150 mil euros, indexado à Euribor 12 meses, com prazo de 30 anos e um spread (margem do banco) de 1%, a subida será de 237,8 euros, passando de uma prestação ligeiramente acima de 573 euros, praticada há um ano, para uma prestação superior a 811 euros.
Quanto já aumentou e quanto vai subir em setembro a prestação da casa
Empréstimo a 30 anos com spread de 1%
EURIBOR A 3 MESES
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EURIBOR A 6 MESES
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EURIBOR A 12 MESES
Empréstimo de 25 mil euros | ||
Pagava | Aumento | |
Setembro de 2022 | 95,56 | |
Setembro de 2023 | 135,20 | |
Aumento face há um ano | 39,60 |
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