3 de abril de 1974. Passaram 50 anos desde que a primeira chamada por telemóvel foi feita. Na altura, Martin Cooper trabalhava para a Motorola e liderava uma equipa de designers e engenheiros numa corrida para produzir a primeira tecnologia verdadeiramente móvel e evitar ficar de fora de um mercado emergente. Foram precisos milhões e uma pesquisa intensiva ao longo de três meses, mas conseguiu. E quem melhor do que o seu adversário, o engenheiro da gigante de telecomunicações Bell System, Joel Engel, para testar a sua descoberta?
“Joel, é o Martin Cooper. Ele disse: «olá Marty», e eu disse: «Joel, estou a falar contigo através de um telemóvel, mas um a sério, pessoal, portátil, de mão» e houve silêncio do outro lado da linha, acho que ele estava a ranger os dentes”, conta o “pai do telemóvel”, agora com 94 anos, numa entrevista à agência de notícias AFP.
VIDEO: Martin Cooper, an American engineer dubbed the "Father of the cell phone," says the neat little device we all have in our pockets has almost boundless potential, but right now, we can be a little obsessed. pic.twitter.com/1m9S9O0h9i
— AFP News Agency (@AFP) April 2, 2023
Na altura, o telemóvel pesava mais de um quilo e tinha bateria para 25 minutos de conversação. O que não era um problema, já que “o telefone era tão pesado que não conseguia segurá-lo durante mais de 25 minutos”, acrescenta.
A tecnologia da altura contrastava muito com a atual. Os telemóveis não tinham as mesmas funcionalidades, demoravam 10 horas para carregar totalmente, tinham uma antena de 15 cm, não permitiam escrever mensagens e não tinham câmara, mas estavam avaliados em cerca de 4500 euros. A verdade é que eram importantes, como hoje são, e trouxeram benefícios para os primeiros utilizadores, que eram sobretudo profissionais do ramo imobiliário. Cooper explica: “quem trabalhava com imóveis, ou mostrava casas ou marcava visitas com os clientes por telefone. Com o telemóvel passaram a poder fazer as duas coisas”.
“O telemóvel passou a ser uma extensão da pessoa, pode fazer tantas coisas”, comenta. E se já assim era quando surgiu, ainda mais o é agora, que dificilmente se vê alguém com as mãos livres.
Para o inventor, é chocante a forma como as pessoas vivem obcecadas pelo telemóvel e espera que, no futuro, usem esta ferramenta de forma mais eficiente.
"Pessoas com telemóveis olham demasiado para eles, ficam presas àquilo. Eu fico devastado cada vez que vejo pessoas a passar a rua a olhar para o telemóvel", lamenta.