Reino Unido proíbe TikTok nos telemóveis do governo "com efeitos imediatos". China diz que decisão "vai prejudicar os interesses" do país - TVI

Reino Unido proíbe TikTok nos telemóveis do governo "com efeitos imediatos". China diz que decisão "vai prejudicar os interesses" do país

TikTok (Getty Images)

O governo britânico segue assim o exemplo das instituições europeias e do Congresso norte-americano, que justificam a proibição com o "risco" de acesso a informações governamentais

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O Reino Unido anunciou esta quinta-feira a proibição “com efeitos imediatos” da rede social TikTok nos telemóveis de ministros e funcionários públicos, à semelhança dos EUA e das instituições da União Europeia, por receios com a segurança dos dados governamentais.

Numa declaração perante os deputados da Câmara dos Comuns, o ministro Oliver Dowden esclareceu que a aplicação será banida dos "dispositivos empresariais do governo dentro de departamentos ministeriais e não ministeriais", não sendo, portanto, aplicada aos equipamentos pessoais.

"Esta é uma medida proporcional, baseada num risco específico com dispositivos governamentais", justificou Dowden.

A decisão surge na sequência de uma revisão do TikTok por parte do departamento de cibersegurança do governo britânico, o Centro de Cibersegurança Nacional, tendo sido concluído que há possibilidade de "risco" de utilização de dados e informações governamentais pela própria aplicação.

Ao exigir que os utilizadores deem permissão para que a aplicação tenha acesso aos dados armazenados no dispositivo, o TikTok passa a ter acesso a esses mesmos dados, nomeadamente contactos e dados de geolocalização - uma vantagem que o governo britânico se recusa a dar à ByteDance, dona da rede social chinesa TikTok, sobretudo numa altura de grande tensão nas relações entre o Ocidente e Pequim.

De acordo com o The Guardian, pelo menos dois ministros britânicos utilizam o TikTok. São eles Michelle Donelan, secretária de Estado para a Ciência e Tecnologia, e Grant Shapps, secretário de Estado para a Segurança Energética. Ambos têm uma conta oficial na aplicação e são seguidos por milhares de jovens em todo o mundo.

A decisão não agradou a Grant Shapps, que entretanto publicou um vídeo no TikTok a garantir que não vai deixar de usar a aplicação: "Esta manhã, o governo anunciou uma proibição do TikTok nos dispositivos governamentais. Isso é sensato. Eu nunca utilizei o TikTok nos dispositivos governamentais, portanto posso confirmar que NÃO vou sair do TikTok nos próximos tempos."

@grantshapps This morning the government announced a TikTok ban on government devices. That's sensible. I've never used TikTok on goverment devices and can hereby confirm I will NOT be leaving TikTok anytime soon! #politics #news #foryoupage #FYP #trend #wolfofwallstreet #imnotleaving #tiktok ♬ original sound - Grant Shapps

Entretanto, a embaixada da China em Londres já reagiu à proibição, argumentando que esta decisão se baseia em considerações políticas e não em factos. "[Esta proibição] interfere nas operações regulares de empresas relevantes no Reino Unido e vai acabar por prejudicar os próprios interesses do Reino Unido", advertem os representantes chineses, citados pela Reuters.

A decisão também mereceu uma reação do TikTok, que manifestou desilusão com mais uma proibição do seu serviço no mundo ocidental: "Acreditamos que estas proibições são baseadas em equívocos fundamentais e impulsionadas por uma geopolítica mais ampla, na qual o TikTok e os nossos milhões de utilizadores no Reino Unido não desempenham qualquer papel. Continuamos comprometidos em trabalhar com o governo para resolver quaisquer preocupações."

Há cerca de um mês, a Comissão Europeia pediu a todos os funcionários que desinstalassem a rede social TikTok dos seus dispositivos, justificando a decisão com preocupações de segurança dos dados, seguindo o exemplo do congresso norte-americano, que também proibiu os legisladores e os seus funcionários de instalarem a aplicação nos seus telefones oficiais.

Em novembro do ano passado, a rede social TikTok admitiu que pode ter acesso aos dados pessoais de milhões de utilizadores espalhados por todo o mundo. Isto depois de uma investigação da revista Forbes que dava conta que a ByteDance estava a utilizar o TikTok para "monitorizar a localização física dos jornalistas utilizando os seus endereços IP". 

A rede social já reagiu à decisão de Bruxelas, classificando-a como uma medida "equívoca". "Estamos desiludidos com esta decisão, que acreditamos ser equívoca e baseada em mal-entendidos fundamentais. Contactámos a Comissão para esclarecer as coisas e explicar que protegemos os dados de 125 milhões de pessoas em toda a União Europeia", argumentou um porta-voz do TikTok, citado pelo Politico.

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