O "fenómeno extremo" em Alcântara (Lisboa) foi um tornado cientificamente fraco mas empiricamente forte - TVI

O "fenómeno extremo" em Alcântara (Lisboa) foi um tornado cientificamente fraco mas empiricamente forte

Os moradores de Alcântara dizem que nunca viram nada assim. Caíram árvores, os telhados perderam telhas. Fomos ver o que diz o IPMA

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O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) confirma à CNN Portugal que o que inicialmente os meteorologistas apontaram como "fenómeno extremo" na zona de Alcântara, em Lisboa, tratou-se de um tornado de "fraca intensidade".

"Foi um tornado de intensidade fraca, entre f0 e f1 na escala de Fujita, que é a escala que mede a intensidade dos tornados. Este teve um tempo de vida relativamente curto", esclareceu a meteorologista Patrícia Gomes, apontando que o episódio terá demorado entre um ou dois minutos, conforme os testemunhos locais.

Um tornado com esta intensidade está associado a velocidades de vento entre 117 km/h a 180 km/h e, como a velocidade está em rotação, pode ter uma força capaz de "arrancar uma árvore do solo ou arrancar um telhado e transportá-lo uns metros para lado".

A meteorologista admite que estes episódios "não são normais" no território continental, mas reconhece que "de vez em quando acontece" e deve-se a um "conjunto de fatores que nem sempre é fácil de explicar".

Este tornado está associado a uma "superfície frontal fria, de atividade moderada a forte, que tem vindo a percorrer o país a partir de norte mas que vai acabar por varrer todo o território ao longo desta terça-feira" - e que é responsável pela precipitação intensa em todo o país, explica Patrícia Gomes.

Ora, ao longo desta superfície podem formar-se umas "células" - que é o termo meteorológico que se usa quando se formam "nuvens com uma dimensão considerável com desenvolvimento vertical" - que "podem atingir entre 10 km a 12 km de altura" e que podem provocar descargas elétricas e que estão associadas a forte precipitação e vento muito intenso. Contudo, nem sempre estas células podem resultar em tornados, ressalva a meteorologista, garantindo que não há qualquer previsão para novos tornados em Portugal nos próximos dias.

Mas foi isso que aconteceu em Alcântara, explica a meteorologista, que distingue este episódio daquele que aconteceu na Marinha Grande esta terça-feira de tarde e que, garante, "não foi um tornado" mas sim "um episódio de vento intenso, com alguma destruição, sim, mas a sua génese era ligeiramente diferente".

Os moradores da freguesia de Alcântara dizem que nunca viram nada assim. Caíram árvores, algumas em cima de automóveis e alguns telhados levantaram-se, como aconteceu com parte do telhado do Banco Alimentar Contra a Fome, na Avenida de Ceuta, cujas telhas e vigas de madeira terão percorrido mais de 100 metros arremessadas pelo vento. O tornado derrubou também candeeiros de iluminação pública e caixotes do lixo.

Mais tarde, a meteorologista Patrícia Gomes, contactada pela CNN Portugal, confirmou que se trata mesmo de um tornado e explicou que estes episódios ainda "demoram algum tempo a avaliar", uma vez que os meteorologistas têm de "analisar imagens de satélite e imagens de radar", além de tentar perceber "a hora exata ou a hora mais próxima possível da situação que ocorreu" para assim "tentar perceber a trajetória e os movimentos associados" ao episódio em questão.

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