Já se temeu que a Torre de Pisa estivesse à beira do colapso, pois a inclinação que a tornou um marco tão popular ameaçava a sua própria existência.
Mas esta semana, quando o monumento comemorou o seu 850º aniversário, a sua aparição em fotografias turísticas de brincadeira ficou assegurada para os próximos anos, uma vez que os seus guardiões lhe deram um atestado de boa saúde.
"Hoje, a Torre é um monumento estável", disse Andrea Maestrelli, presidente da Opera della Primaziale Pisana (OPA), o organismo com mais de mil anos que cuida do complexo da catedral que inclui a torre de sinos, numa conferência de imprensa em que foram delineados os eventos para celebrar o seu aniversário.
Nem sempre foi assim. No início dos anos 90, a torre, peça central de um Património Mundial da UNESCO, atingiu uma inclinação de 4,5 graus e os receios quanto à sua estabilidade levaram a um esforço internacional para impedir a sua queda, com trabalhos que duraram oito anos a partir de 1993.
Agora, os especialistas dizem que o seu futuro é "brilhante", com a vigilância por satélite e terrestre a vigiar até a mais pequena mudança na sua posição, tornando a famosa torre sineira num dos monumentos mais monitorizados do mundo.
A primeira pedra da Torre de Pisa foi colocada a 9 de agosto de 1173, "graças à doação de 60 moedas feita por uma viúva chamada Berta, para a construção do campanário da nossa catedral", afirmou o Arcebispo de Pisa, Giovanni Paolo Benotto, durante a conferência de imprensa de quarta-feira.
Problemas desde o início
Os problemas com a estabilidade da torre começaram cedo. A construção foi interrompida na altura do terceiro nível aberto de colunas devido a subsidência e só foi retomada em 1275, quando foram acrescentados mais três níveis.
Numa tentativa de endireitar a torre, os três últimos pisos curvaram-se na direção oposta à da inclinação. A torre foi concluída em meados do século XIV, altura em que foi acrescentado o campanário.
Com o agravamento da inclinação, no final do século XX, a terra foi retirada das fundações do lado norte através de uma série de perfurações, provocando uma redução impercetível da inclinação.
O último relatório do grupo de vigilância que controla o monumento "salientou que a inclinação diminuiu cerca de 460 milímetros, disse Maestrelli, acrescentando que a inclinação regressou à do início do século XIX.
Os trabalhos de consolidação permitiram a esta torre encarar o futuro com "grande confiança", acrescentou.
Atualmente, a torre é o caso de estudo no centro de um dos sistemas de monitorização mais complexos do mundo, explicou o diretor técnico da OPA, Roberto Cela. Graças a um acordo entre o Ministério do Património Cultural italiano e a OPA, os especialistas integram a monitorização por satélite com os dados recolhidos ao nível do solo.
O progresso destas actividades de monitorização terrestre e por satélite será apresentado no próximo ano, no âmbito da série de eventos programados para celebrar o 850º aniversário da torre.