Anda à caça de talento? O seu colaborador pode ser o seu melhor ‘talent hunter’ - TVI

Anda à caça de talento? O seu colaborador pode ser o seu melhor ‘talent hunter’

  • ECO - Parceiro CNN Portugal
  • Joana Nabais Ferreira
  • 31 dez 2022, 22:00
Bosch abre candidaturas para Braga (Foto: This is Engineering/Unsplash)

Seja qual for o departamento onde estiverem ou o grau de responsabilidade que ocuparem, qualquer colaborador pode ser 'talent hunter'. Encontrar o talento certo para a empresa dá direito a recompensa

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Atrair e reter o talento parece ser um dos maiores desafios dos gestores de pessoas no atual contexto do mercado de trabalho. Cada companhia desenha as suas estratégias para conquistar o melhor talento, mas na hora de ir à caça do talento há um recurso que as organizações estão a usar cada vez mais: os próprios colaboradores. Com ganhos para ambos. As empresas refrescam o seu talento através dos prémios de referenciação e, se houver um match, o talent hunter recebe uma recompensa.

“Temos, por exemplo, um colega que já trouxe sete amigos para virem trabalhar na Neotalent. Um verdadeiro campeão de recomendações que, acima de tudo, prova que as relações interpessoais continuam a fazer a diferença, mesmo num mercado tão competitivo, em que a procura excede em muito a oferta”, conta Susana Correia, head of talent acquisition da Neotalent.

Recomendar um amigo techie contribuiu, não só para o crescimento da empresa, mas também para engordar os ganhos mensais do profissional que já trabalha na Neotalent. Através do programa “Refer a Friend”, que surgiu em 2014, quem recomendar um profissional de tecnologias de informação que seja, posteriormente, contratado pela organização, recebe 1.000 euros (em cartão presente).

Não há limite de recomendações e o processo é simples: basta partilhar o currículo e/ou perfil de LinkedIn dos amigos ou colegas através do formulário disponibilizado no site da Neotalent ou enviando diretamente um email para refer.talent@neotalent.pt.

“Os colaboradores são, efetivamente, excelentes talent hunters. Além de terem redes profissionais com interesses partilhados (como a formação na área das tecnologias de informação, ou experiências profissionais similares), são também os melhores embaixadores da marca, porque — melhor do que ninguém — podem falar sobre a experiência de trabalhar na Neotalent”, continua.

Temos, por exemplo, um colega que já trouxe sete amigos para virem trabalhar na Neotalent. Um verdadeiro campeão de recomendações que, acima de tudo, prova que as relações interpessoais continuam a fazer a diferença, mesmo num mercado tão competitivo, em que a procura excede em muito a oferta", Susana Correia, Head of talent acquisition da Neotalent.

Em 2020, a tecnológica decidiu alargar a iniciativa a todo o mercado, e lançou um segundo programa: o “Refer a Talent”. “Ambos os programas têm um papel complementar no nosso objetivo de chegar a novos talentos tecnológicos. Atuando a Neotalent num mercado em que há pleno emprego (e uma enorme escassez de talento face à procura), onde os candidatos, por norma, não procuram proativamente emprego, estes programas permitem à organização conhecer novos profissionais com experiência relevante em TI, tanto em áreas técnicas como funcionais”, explica Susana Correia.

Só entre janeiro e setembro, a Neotalent recebeu 2.850 candidaturas aos seus programas de recomendação. Destas, cerca de 40% foram consideradas válidas.

“Deste universo, foram já contratados 28 profissionais para ingressarem em projetos tecnológicos desafiantes da nossa carteira de clientes. E existem ainda vários processos de recrutamento a decorrer, o que indica que este ano alcançaremos um recorde de contratações por esta via”, prevê a head of talent acquisition da empresa.

Na Biogen, onde também existe um programa de referenciação de profissionais, utilizar o colaborador como um caça-talentos é considerada “uma das melhores formas de atrair talento externo”. “Ninguém melhor que os nossos colaboradores sabem descrever na primeira pessoa como é trabalhar na Biogen Portugal e, como tal, conseguem reconhecer potenciais candidatos dentro da sua rede de contactos que possuam não só talento, mas também o fit cultural para serem bem-sucedidos na organização”, acredita Anabela Fernandes, diretora-geral da Biogen Portugal.

“Quando os nossos colaboradores partilham com a sua rede de contactos como é trabalhar na Biogen, naturalmente a sua visão é revestida de uma honestidade e sentido de propósito que um recrutador externo jamais conseguirá transmitir. Da mesma forma, sabemos que o talento que é recrutado através dos programas de referenciação vem mais enquadrado e entra com uma motivação acrescida para a sua nova função.”

Associada à referenciação existe uma recompensa monetária, a qual é variável de país para país. Em Portugal, a farmacêutica oferece 1.500 euros. Mas, apesar de ser uma “recompensa bastante agradável”, a líder da empresa em terras lusas acredita que não é esse prémio que leva os colaboradores a referenciarem. “Somos uma empresa constituída por pessoas bastante unidas e que trabalham todas para o mesmo propósito. Desta forma, todos na Biogen Portugal reconhecem a importância de ter as pessoas corretas na sua equipa. Portanto, poder contribuir para a criação de uma equipa dinâmica, de fácil interação e com pessoas colaborativas é o principal objetivo deste programa.”

Sem detalhar a taxa de sucesso do programa, Anabela Fernandes garante que esta é uma iniciativa “bem-sucedida”, com exemplos de contratações desde estágios, cargos da direção e, até, para posições internacionais.

35% das empresas dão bónus de referência

 O bónus de referência (no contexto de novos recrutamentos) têm vindo mesmo a tornar-se numa prática relevante, com cerca de 35% das empresas (vs. 23% em 2021) a adotar esta prática, caso se concretize a contração referenciada pelo colaborador, dá conta o “Total Compensation 2022”, da Mercer, realizado junto a mais de 500 empresas em Portugal.

Outro estudo, desta vez elaborado pelo Kaizen Institute em parceria com a Hays Portugal, também conclui que, com 45% e 42% dos diretores de RH a considerarem a retenção e a contratação de novos profissionais, respetivamente, as principais prioridades no que toca ao talento, os prémios de referenciação têm sido uma das estratégias de eleição dos gestores de pessoas.

Quando os nossos colaboradores partilham com a sua rede de contactos como é trabalhar na Biogen, naturalmente a sua visão é revestida de uma honestidade e sentido de propósito que um recrutador externo jamais conseguirá transmitir", Anabela Fernandes, Diretora-geral da Biogen Portugal.

“Para fazer frente a esta escassez de talento, os empregadores apostam cada vez mais em estratégias de atração e retenção de talento e, de acordo com dados deste barómetro, os prémios de referenciação são uma das estratégias de eleição, não são uma prática nova no mercado de trabalho, mas voltaram agora a ganhar especial destaque nas estratégias dos RH”, comenta Sandrine Veríssimo, regional director da Hays Portugal.

“Trata-se de um bónus de referenciação que as empresas atribuem aos colaboradores que referenciarem os candidatos certos para determinada função. Isto acontece muito em áreas ou perfis que são mais difíceis de recrutar, seja pela complexidade da função, seja pela falta de mão de obra disponível ou pela forte competitividade do mercado em questão (como IT, consultoria, digital, shared service center, contact centers, etc)”, acrescenta.

 

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