Batizado de "Poseidon", com cerca de 20 metros de comprimento, foi encontrado no início de março um submarino construído especificamente para o tráfico de droga, na Ría de Arousa, na província de Pontevedra.
As operações de reboque e inspeção contaram com cerca de 50 oficiais da Guarda Civil, mergulhadores e uma empresa especializada que já tinha realizado uma ação semelhante em 2019, quando outro submarino usado para o tráfico deu à costa na Galiza.
Segundo o El País, apesar de não ter sido encontrada qualquer droga, a Guarda Civil suspeita que o submarino possa estar relacionado com outras duas embarcações que foram, em anos anteriores, descobertas na região.
Especialistas de los Grupos Especiales de Actividades Subacuáticas Actividades (#GEAS) de la @guardiacivil continúan los trabajos de inspección y reflote del sumergible que ha aparecido en la costa de Vilagarcía de Arousa (Pontevedra). pic.twitter.com/TWwCVo0S35
— Guardia Civil 🇪🇸 (@guardiacivil) March 14, 2023
Em 2019, um barco teria deixado a Amazónia para entregar uma encomenda de droga em Finisterra, em Espanha, mas problemas no combustível terão atrapalhado a missão, levando-o a encalhar.
Com apenas umas barras energéticas, latas de sardinha e sacos de plástico que usavam como casa de banho, três homens sobreviveram ao longo de 27 dias dentro do submarino. Humildes guardiões da carga? Nem tanto. A cocaína transportada no barco estava avaliada em mais de 150 milhões de euros.
Esse pedaço de história da luta contra o narcotráfico internacional é um troféu no parque de estacionamento da academia de polícia espanhola em Ávila e deu origem à série luso-espanhola produzida para a Amazon Prime Video Operação Maré Negra, que conta com a participação de Nuno Lopes. Mas, desengane-se quem pense que se trata de uma relíquia de uma batalha passada: é um símbolo de um fenómeno que cresce secretamente e está para perdurar.
A Comissão de Narcotráfico da ONU estima que a produção de cocaína aumentou em um terço entre 2020 e 2021, estabelecendo um novo recorde de produção e o maior aumento anual desde 2016. Acredita-se que centenas de submarinos destes estejam a transportar cocaína para a Europa e estejam a ser abandonados no oceano à volta dos Açores e das ilhas Canárias depois de a carga ter sido retirada.
“Há mais de 20 anos que os traficantes usam submarinos para chegar a África e à Europa, mas estes dois são os primeiros que capturamos”, explica Antonio Martinez Duarte, comissário-chefe da Narco Brigada da Polícia Nacional Espanhola à BBC. “E são muito difíceis de detectar", admite.
Acredita-se que centenas de submarinos tenham sido lançados em direção à Europa, que é atualmente o maior mercado de cocaína depois dos Estados Unidos.
“Esta operação também confirma os vínculos entre criminosos colombianos e mexicanos que se juntaram a gangues que trabalham em Espanha”, disse o comissário-chefe Antonio Martinez Duarte.