Para os viajantes de negócios mais ocupados, que se veem regularmente chamados a voar a curto prazo para uma série de países, é essencial ter informação atualizada sobre quais os países que requerem vistos ou Autorizações Eletrónicas de Viagem (eTA).
É aí que entram os Índices de Passaportes. Existem vários índices rivais no mercado, incluindo o Índice de Passaportes Arton Capital e o Índice de Passaportes Henley, que medem o peso relativo dos documentos de viagem dos cidadãos de acordo com o número de países que os seus titulares podem visitar sem visto ou com visto a pedido.
O ranking da Arton Capital declara atualmente os Emirados Árabes Unidos como os mais poderosos do mundo, enquanto a Henley, que utiliza uma metodologia diferente, dá a coroa ao Japão.
Do outro lado, porém, estão os países cujas portas estão mais abertas - pelo menos em termos de vistos. A Arton Capital mede-os no seu “Welcoming Countries Rank” (Lista de Países Acolhedores) e, na sua lista de 2022, fornece algumas perspetivas fascinantes sobre o estado atual da mobilidade global.
A classificação é atualizada em tempo real, à medida que são implementadas novas isenções e alterações de vistos. Falámos com o fundador da Arton Capital, Armand Arton, sobre as conclusões a que chegou.
“Percebi o que é a liberdade”
"Nasci na Bulgária, por isso sei o que é viajar com um passaporte 'mau'", diz Arton. "Os meus pais trabalhavam em Marrocos, pelo que tive de atravessar a Europa quando Schengen não existia, nos anos 80.
“Assim que o Muro de Berlim caiu, mudámo-nos para o Canadá. E assim que tive o passaporte canadiano, percebi o que é a liberdade”.
Sondagens da Gallup divulgadas a 7 de dezembro revelaram que os canadianos estão consistentemente entre os cidadãos do mundo que mais provavelmente veem as suas comunidades como bons locais para migrantes viverem.
O Canadá é também o país com o Índice de Aceitação de Migrantes mais elevado da Gallup, tendo o seu governo anunciado recentemente que pretende acolher 1,5 milhões de imigrantes até 2025, para reforçar o fosso na sua economia criado por uma população envelhecida.
No entanto, na Lista de Países Acolhedores, que analisa 199 países medindo-os em termos de quantos passaportes aceitam sem visto, com visto à chegada ou com eTA, o Canadá está num humilde nº 71. O país permite o acesso fácil a 54 nações. Isto é logo acima da Austrália, que dá esse privilégio a 46 países, e dos Estados Unidos, que permite 45.
O modelo de reciprocidade
"Os países que normalmente têm os 'melhores' passaportes [no ranking do poder] têm os vistos mais restritivos", diz Arton. "Se pegarmos [naqueles] países de topo, eles não são os mais acolhedores - exceto Singapura.
“Singapura é aquele que diz: 'Sabe que mais, queremos ter visitantes e ser bilaterais. Assim, eles têm 170 lugares [sem vistos] para onde podem ir, e [162 nacionalidades] que podem entrar no seu país sem [vistos], pelo que acreditam na reciprocidade".
Singapura é o nº 16 no ranking dos Países Acolhedores, seguido de perto por um par de outros destinos asiáticos que abraçam o modelo de reciprocidade: Hong Kong no nº 21 e a Coreia do Sul no nº 33.
Quanto às nações que ocupam o primeiro lugar, são 23, todas elas concedendo fácil acesso aos visitantes de 198 países em 199.
Embora possam ser acolhedores em termos de restrições de vistos, alguns países ou regiões podem não ser seguros para todos os viajantes visitarem. Recomenda-se que verifique os conselhos do seu país de origem antes de planear qualquer viagem.
Turismo e comércio
O complexo do templo Angkor Wat, património mundial da UNESCO, é a principal atração turística do Camboja. É uma das nações No.1 no ranking de países acolhedores. Tang Chhin Sothy/AFP/Getty Images
O poder dos passaportes está a aumentar em todo o mundo, com os países em geral a tornarem-se mais acolhedores e - com as restrições da Covid cada vez mais levantadas – ma verdade estamos numa era dourada de mobilidade global.
O continente que abraçou este ambiente de viagens aberto mais do que qualquer outro lugar é África, particularmente a África Central e Ocidental. 15 dos 23 países “mais acolhedores” do ranking encontram-se aí, desde Angola ao Malawi e ao Sudão do Sul.
Depois, há as nações insulares, como as Maldivas, Samoa e Tuvalu, cujas economias locais também poderão beneficiar do impulso que os visitantes e os migrantes trazem.
O Afeganistão é, de acordo com o Índice de Passaportes da Capital Arton, o país que tem as portas menos abertas: apenas a Dominica, o Haiti e a Micronésia oferecem aos seus cidadãos luz verde sem vistos.
Os benefícios para os países de todo o mundo da adoção de uma abordagem aberta às viagens são simples. "O intercâmbio, o turismo, o desenvolvimento do comércio, versus as receitas geradas pelos vistos, que são muito, muito pequenas", diz Arton.
"Assim, quando medem os prós e os contras de ter um visto, que é um regime fortemente documentado, vemos uma tendência para o visto eletrónico, onde um país diz, 'talvez ainda queiramos gerar um par de milhões a partir de vistos, mas vamos torná-lo online".
Arton pensa que está a chegar o dia em que os documentos físicos dos vistos deixarão de estar disponíveis. "Acreditamos que, no futuro, os vistos em papel desaparecerão". Não cederão no vosso passaporte numa embaixada e esperarão uma semana para que alguém faça um carimbo".
Posição de Países Acolhedores 2022
Os mais abertos:
1. Angola, Djibuti, Guiné, Maldivas, Comores, Somália, Bolívia, Timor-Leste, Malawi, Qatar, Micronésia, Burundi, Guiné-Bissau, Nigéria, Tuvalu, Samoa, Gabão, Costa do Marfim, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Ruanda, Camboja, Etiópia
2. Seychelles, Togo, Uganda, Cabo Verde, Mauritânia, Suriname
3. Palau, Dominica, Madagáscar
4. Malásia
5. Lesotho
Os menos abertos:
86. Coreia do Norte, Turquemenistão, Afeganistão
85. Macau, Líbia, Eritreia, Butão
84. Guiné Equatorial
83. Sudão, Argélia
82. Myanmar, Camarões