Um sismo de magnitude 7,8 na escala aberta de Richter, que atingiu esta madrugada o sul da Turquia, fez mais de 1.600 mortos e milhares de feridos no país e na Síria.
O chefe da agência de desastres turca, citado pela Reuters, revelou que o abalo fez 1.014 mortos e mais de cinco mil feridos na Turquia.
Já na Síria, segundo a agência estatal SANA, que cita o ministério da Saúde sírio, o abalo fez 592 mortos, a maioria (371) em zonas controladas pelo Governo (Aleppo, Hama, Latakia e Tartus), e mais de mil feridos.
O Ministério da Defesa sírio revelou que está "a mobilizar todas as suas unidades, formações e instituições em todas as províncias para prestar ajuda imediata e assistência urgente aos residentes afetados pelo terramoto, procurar pessoas presas debaixo dos escombros e tratar dos feridos".
No entanto, os "White Helmets" dão conta de 221 mortos e 419 feridos nas áreas controladas pelos rebeldes, dados que podem vir a somar-se aos números oficiais.
Death toll from #earthquake in NW #Syria now at 221+ with 419+ injured. Difficulty in rescue efforts as hundreds remain trapped under rubble & heavy equipment needed. Number expected to rise as hundreds of families still trapped. pic.twitter.com/Tt433BrzP6
— The White Helmets (@SyriaCivilDef) February 6, 2023
Aulas e voos suspensos
Depois do sismo, as aulas foram suspensas em dez cidades e províncias e as escolas vão permanecer encerradas ao longo de uma semana.
De acordo com o vice-presidente turco, a suspensão vai vigorar em Kahramanmaraş, Hatay, Gaziantep, Osmaniye, Adıyaman, Malatya, Şanlıurfa, Adana, Diyarbakır, Kilis.
Para além das aulas, também os voos de e para a província de Hatay foram suspensos, enquanto os aeroportos de Maraş e Antep estão fechados para voos comerciais. Já o aeroporto de Adana está fechado até novas informações.
União Europeia, Israel e Países Baixos enviam ajuda
A Comissão Europeia está a coordenar o envio de equipas de resgate dos Estados-membros para se juntar às buscas por sobreviventes após o terremoto que sacudiu hoje o sudeste da Turquia e outros países vizinhos, especialmente a Síria.
O comissário europeu de Gestão de Crises, Janez Lenarcic, assinalou, numa mensagem partilhada na rede social Twitter, que Bruxelas ativou o Mecanismo de Proteção Civil da UE e que as equipas de salvamento da Holanda e da Roménia já se estão a deslocar para a zona afetada.
"O Centro de Coordenação de Resposta a Emergências está a coordenar o envio de equipas de resgate da Europa", destacou o diplomata esloveno.
Por seu turno, o Alto Representante para os Negócios Estrangeiros da UE, Josep Borrell, sublinhou que o bloco europeu está "pronto para ajudar" os países afetados após um "devastador" sismo, que "já ceifou a vida a centenas de pessoas e feriu muitas mais".
"As minhas profundas condolências às muitas famílias que perderam vidas e desejo uma rápida recuperação aos feridos. A UE está totalmente solidária com vocês", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também no Twitter.
Países como a Alemanha, Rússia, a Itália e o Azerbaijão já tinham anunciado a intenção de enviar equipas de resgate para ajudar nas buscas.
Também o ministro da Defesa de Israel, Yoav Galant, revelou esta segunda-feira que o país se está a preparar para enviar ajuda de emergência para a Turquia. Até ao momento não há relatos de feridos ou danos em Israel, embora o sismo tenha sido sentido no país.
"As forças de segurança estão prontas a oferecer a assistência que for necessária. O sistema de segurança ganhou muita experiência ao longo dos anos em lidar com áreas de catástrofe e na missão de salvar vidas", afrmou Galant.
Por sua vez, o presidente ucraniano disse que o seu país está pronto a fornecer a assistência necessária à Turquia, endereçando condolências a Erdogan e sem referir a Síria, que foi igualmente afetada pelo tremor de terra.
"Chocado pelas notícias sobre a morte e ferimentos de centenas de pessoas em resultado de um terramoto na Turquia", escreveu Zelensky no Twitter.
Já o escritório das Nações Unidas na Síria anunciou que está a trabalhar para coordenar a assistência em todas as áreas nas províncias afetadas pelo sismo.
"A ONU na Síria expressa as suas mais profundas condolências e solidariedade a todas as pessoas afetadas pelo terremoto desta manhã e já está a trabalhar para coordenar a assistência em todas as nossas áreas de alcance na Síria, nas províncias afetadas de Aleppo, Hama, Idlib e Latakia", divulgou o escritório da ONU no Twitter.
Sismo mais forte em cem anos
O abalo ocorreu às 04:17 (01:17 em Lisboa), a 33 quilómetros da capital da província de Gaziantep, no sudeste da Turquia, com a origem a uma profundidade de 17,9 quilómetros.
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), minutos após o primeiro sismo, outro abalo de 6,7 graus na escala de Richter foi registado a 9,9 quilómetros de profundidade.
Os abalos foram sentidos também no Líbano e no Chipre, segundo correspondentes da agência France–Presse.
O sismo fez ainda com que Itália ativasse o aviso de tsunami no sul do país. No entanto, cerca das 6:30, o mesmo aviso foi retirado.
Enquanto o USGS dá conta que a magnitude foi de 7,8, a Agência de Gestão de Desastres da Turquia (AFAD) avança que o sismo foi de 7,7 de acordo com estudos sismológicos detalhados.
A Turquia está situada numa das zonas sísmicas mais ativas do mundo. Este foi o sismo mais forte em cem anos, avança a CNN Internacional.
Em novembro, um sismo de magnitude 5,9 atingiu a província turca de Düzce, 200 quilómetros a leste de Istambul, deixando pelo menos 68 pessoas feridas.
O abalo aconteceu na mesma província onde um terramoto de magnitude 7,4 matou cerca de 17 mil pessoas em agosto de 1999, incluindo mil em Istambul.