“Não me esqueço dos amigos”, afirmou Sérgio Azevedo em 2017. Não se esqueceu.
Esta é apenas uma das muitas escutas que constam da investigação Tutti Frutti, que a TVI e a CNN Portugal estão a revelar esta semana. Sérgio Azevedo, então deputado do PSD, é tratado pelo Ministério Público como central no esquema que envolveu favores, contratos, avenças, empregos. E que exigia manter o poder.
Quando José Eduardo Martins desafiou esse poder, candidatando-se como cabeça de lista do PSD à Assembleia Municipal nas eleições autárquicas, essa dominação foi posta em causa. “José Eduardo Martins vai ganhar e a nossa gente não vai poder lá ficar”, diz em outubro 2017 Nuno Firmo, que chegou a ser tesoureiro na junta de freguesia de Santo António. A resposta: “Assim vão foder-me”. José Eduardo Martins acabou por bater com a porta, depois de um “golpe palaciano” então noticiado que o afastou.
São estas as caras dos homens e mulheres que vivem da política e dos padrinhos, e que tem o social-democrata alegadamente no centro de redes de avenças e de pagamentos. Incluindo de pessoas “que só lá iam assinar o recibo, recebendo sem trabalhar”, como diz uma escuta. Carlos Eduardo Reis chega a dizer a Miguel Peixoto (ambos do PSD), a 29 outubro 2017: “Aquela bancada tem um gabinete onde há muitas assessorias e muitas avenças - Mafalda Cambeta, Patrícia Leitão e até o Rodrigo Moita de Deus que nunca fez nada.”
Quando ficou à frente da bancada do partido na assembleia municipal de lisboa, em 2013, Azevedo sentou de imediato amigos e serviu ordenados. Em menos de dois meses, três contratos assinados: Patrícia Leitão, Nuno Vitoriano e Filipa Lages. Todos militantes do partido social-democrata e com estreitas relações entre si. Pelo menos dois foram constituídos arguidos no processo ao lado do antigo deputado do PSD.
Veja a reportagem completa em vídeo na TVI e na CNN Portugal.