A maior compra de meios aéreos dos últimos anos para a frota própria do Estado de combate a incêndios florestais começa com atrasos.
A entrega dos dois primeiros helicópteros Black Hawk, de fabrico norte-americano, está atrasada pelo menos meio ano. A Força Aérea Portuguesa responsabiliza a guerra na Ucrânia, mas não descarta pedir uma indemnização à empresa.
Os Black Hawk são helicópteros de tamanho médio construídos nos Estados Unidos desde os anos 70 e são mais conhecidos por voar em cenários de guerra.
Os seis comprados em agosto de 2022 que vão chegar a Portugal têm uma idade desconhecida e apenas se sabe que vão ser adaptados para combater fogos por uma empresa norte-americana que ganhou o concurso público.
As duas primeiras aeronaves deveriam ter chegado no primeiro trimestre deste ano, mas a empresa em causa (a Arista Aviation Services) atrasou-se e nenhum Black Hawk aterrou, até hoje, em solo português.
Questionada pela redação da TVI/CNN Portugal, a Força Aérea Portuguesa confirma o atraso e diz que "é conhecido que o atual panorama mundial tem afetado significativamente os prazos de entrega, particularmente no âmbito da indústria aeronáutica e de defesa".
"O presente contrato", contínua a Força Aérea, "envolvendo fornecedores subcontratados e cocontratante que são todos empresas norte-americanas, tem vindo a ser particularmente afectados pela guerra na Ucrânia".
Os atrasos são uma hipótese prevista no contrato que custa 43 milhões de euros ao Estado português, mas envolvem penalizações para a empresa que irá entregar os helicópteros.
Sobre essas eventuais multas, a Força Aérea responde que "a análise será efetuada de acordo com as concretas circunstâncias alegadas e provadas pelo cocontratante e as cláusulas contratuais estabelecidas que serão aplicadas se assim for justificado".
Além dos helicópteros, o contrato inclui o fornecimento de apoio técnico e manutenção até 2026, bem como a formação de seis pilotos e 21 mecânicos.
Os dois primeiros Black Hawk já deviam estar em Portugal desde o primeiro trimestre do ano, mas a expectativa, agora, é que cheguem no final do verão.
Mesmo assim, a Força Aérea Portuguesa garante que o atraso não vai afetar a atual época de incêndios, pois os primeiros helicópteros norte-americanos a chegar não faziam parte do dispositivo previsto para este ano.
Além de 3 mil litros de água, um Black Hawk de combate a incêndios tem a capacidade de transportar uma equipa de 12 bombeiros.