Paulo Sadokha garante que nunca estiveram previstas manifestações contra Lula - TVI

Paulo Sadokha garante que nunca estiveram previstas manifestações contra Lula

  • Agência Lusa
  • MJC
  • 22 abr 2023, 10:32

Líder da comunidade ucraniana em Portugal afirma ainda: "Para nós ucranianos, as declarações de Lula não fazem sentido nenhum"

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O presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal afirmou hoje que nunca esteve prevista qualquer manifestação de protesto contra o Presidente do Brasil, mostrando-se surpreendido pelas palavras em sentido contrário avançadas por um membro do Governo brasileiro. 

Em declarações à agência Lusa, Pavlo Sadokha afirmou desconhecer as razões da afirmação do ministro de Estado brasileiro, Márcio Macedo, feitas depois de receber, na sexta-feira, na embaixada do Brasil em Lisboa, uma carta aberta para protestar contra as polémicas declarações do Presidente Lula da Silva sobre o conflito desencadeado com a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

Na carta aberta, a comunidade ucraniana lembra que Lula da Silva referiu que a solução pacífica para acabar com a guerra é a Ucrânia desistir dos seus territórios, considerando que as culpas têm de ser repartidas pelos dois lados.

As palavras do Presidente brasileiro, proferidas na presença do chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, foram de imediato criticadas pelo Ocidente, sobretudo pela União Europeia e pelos Estados Unidos, o que obrigou Lula da Silva a “emendar a mão” para salientar que condena a invasão russa da Ucrânia e defende a paz.

"Ao mesmo tempo em que o meu Governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada. Falei da nossa preocupação com os efeitos da guerra, que extrapolam o continente europeu", disse, posteriormente, Lula da Silva.

“Não falamos sobre as manifestações até porque nunca estiveram previstas manifestações, nem para hoje, nem para terça-feira [25 de abril]. O único ato que tínhamos previsto era a entrega de uma carta aberta na embaixada”, explicou hoje à Lusa o presidente da associação.

Para Sadokha, a delegação ucraniana que entrou e conversou com Macedo saiu da embaixada com a mesma ideia que tinha sobre as palavras de Lula da Silva, destacando que o único ponto positivo foi a decisão tomada pelo Presidente brasileiro de enviar o antigo chefe da diplomacia à Ucrânia para avaliar a situação.

“Esclarecemos tudo e disseram-nos que Lula da Silva vai continuar a procurar um diálogo para a paz. Não sei como. Quando a Alemanha nazi invadiu a Europa [na Segunda Guerra Mundial, 1939/45] ninguém procurou [Adolf] Hitler para promover a paz. O mesmo se passa com o [Presidente da Rússia, Vladimir] Putin, que não é um político com quem se possa dialogar, pois é um criminoso que deve ser julgado”, frisou.

Na sexta-feira, Macedo, após receber a delegação ucraniana que lhe entregou a carta aberta, disse aos jornalistas que Lula da Silva determinou que o seu assessor para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, vai visitar a Ucrânia, deslocação ainda sem data, o que teria levado os ucranianos a cancelar os protestos marcados para terça-feira.

A carta aberta solicita "a intervenção de Lula da Silva nesse conflito da Rússia contra a Ucrânia e convidava o Presidente Lula para ir à Ucrânia", explicou Macedo.

"A vocação do Presidente Lula é pela paz. Então eu disse que recebi eles com muita honra", afirmou Macedo, adiantando que o chefe de Estado “vai trabalhar para unir outros países para se buscar uma alternativa para acabar com esse conflito, que não faz bem à humanidade e que já durou tempo demais".

Quanto a toda a polémica e críticas de que o Presidente brasileiro está a ser alvo pelas declarações feitas sobre o conflito, o ministro de Estado acha que houve "uma interpretação que não condiz com a posição do Presidente Lula". 

“Lá no diálogo não tinha nenhuma animosidade [com os ucranianos], pelo contrário, foi uma reunião muito boa".

"O Presidente me solicitou que eu em nome dele me solidarizasse com todas as famílias vitimadas por essa guerra e que dissesse que, tal como teve a obsessão de, no Brasil, acabar com a fome, também tem a determinação de ajudar a que esse conflito acabe".

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