A Rússia quer os seus tanques por toda a Europa até Lisboa? Vai conseguir - mas apenas com destroços de tanques - TVI

A Rússia quer os seus tanques por toda a Europa até Lisboa? Vai conseguir - mas apenas com destroços de tanques

  • Filipe Santos Costa
  • 20 jun 2022, 02:21
Tanque russo destruído numa estrada para Kiev. AP Photo/Efrem Lukatsky, File

O ministro da Defesa da Ucrânia anunciou que está a ser preparada uma exposição de destroços de tanques russos destruídos pelos combatentes ucranianos. A ideia é levar os tanques russos a várias capitais da Europa - de Varsóvia até Lisboa. De certa forma, concretizando um sonho do Kremlin

 

Lembra-se quando Dmitry Medvedev assumiu que o sonho do Kremlin é ver “uma Eurásia unida, de Lisboa a Vladivostok”? O ministro da Defesa da Ucrânia também se lembra que este é o objetivo final da Rússia: ver os seus tanques a dominar todo o continente, até Lisboa, conforme foi assumido em abril pelo atual vice-presidente do Conselho de Segurança russo. E o governante ucraniano promete, de certa forma, ajudar o Kremlin a concretizar o seu sonho.

Se os russos “querem os seus tanques em Lisboa”, então Oleksiy Reznikov diz que a Ucrânia dará uma ajudinha. “Vamos ajudar a garantir que os tanques russos estão na Europa”, anunciou o ministro da Defesa, com uma ponta de ironia. É que os tanques russos que será possível ver em várias cidades europeias - incluindo em Lisboa - serão apenas “destroços”.

“Estamos a planear exposições de equipamento russo danificado. Começaremos com Varsóvia, depois Berlim, Paris, Madrid e finalmente Lisboa”, anunciou Reznikov, durante uma entrevista ao canal de televisão polaco Polsat News.

Recorde-se que nas ruas da capital ucraniana, Kiev, já é possível ver destroços de tanques russos. A ideia do governo Zelensky é fazer expoisições semelhantes em diversas capitais europeias, não apenas para manter a atenção desses países à situação na Ucrânia, mas também para alertar para o risco das ambições expansionistas do Kremlin.

Questionado na mesma entrevista sobre se o afastamento de Vladimir Putin poderia significar o fim da guerra, Reznikov respondeu que não. “Nunca pensei que apenas um homem na Rússia odiasse a Ucrânia”. O problema, diz o governante, é a forma como as elites políticas e militares do Kremlin olham para a Ucrânia, os países da antiga URSS e, em geral, a Europa. “Todo o Kremlin segue uma política imperial. É contra isso que temos de lutar” respondeu o ministro, lembrando a tal ambição de ver tanques russos por todo o continente, até Lisboa, no extremo ocidental da Europa.

Wojciech Skurkiewicz, deputado do Partido Lei e Justiça - PiS, o partido que governa a Polónia - considerou que “é uma proposta muito interessante organizar uma tal exposição em Varsóvia”. Mas outro parlamentar polaco - Krzysztof Bosak, do LPR, um partido ainda mais à direita do que o PiS - comentou que a exposição dos destroços de guerra é mais útil noutros países europeus, e não tanto na Polónia. “Este é um jogo de marketing. Compreendo que querem interessar os países da Europa Ocidental na guerra. A exposição de equipamento danificado deve ser feita em Berlim, não em Varsóvia. Os polacos conhecem bem esta guerra, não precisamos de ser informados de nada”.

Piotr Ćwik, da Casa Civil do presidente polaco, Andrzej Duda, concorda que a mostra de destroços russos será mais necessária no lado ocidental da Europa. “Foi o presidente Duda que disse que a Ucrânia deveria estar na UE. É por isso que a ideia da exposição é mais necessária no Ocidente do que na Polónia”.

 

Putin a brincar aos militares

 

Oleksiy Reznikov, um advogado com uma longa carreira política, reconheceu que não é um militar, mas um civil que ocupa o cargo de ministro da Defesa há pouco tempo: leva menos de oito meses no posto. “O comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia sabe que eu sou um civil, por isso não tenho o conhecimento dos militares. Estou aqui para ajudar onde puder”, disse, quando questionado sobre a colaboração com as Forças Armadas e os generais ucranianos. 

“Não sou um concorrente dos generais. Respeitamo-nos uns aos outros”, resumiu o ministro, fazendo o contraponto com aquilo que se passa no Kremlin: “Putin está a tentar calçar sapatos militares, e podem ver os resultados”.

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