Depois de ter acusado inicialmente a Ucrânia, a Rússia acusou esta quinta-feira os Estados Unidos de estarem por trás do alegado ataque com drones ao Kremlin que teria como intenção a morte de Vladimir Putin. O regime russo acusa ainda Washington de estar “diretamente envolvido” na guerra no Ucrânia. Em conferência de imprensa, Dmitri Peskov, porta-voz de Putin, repetiu por diversas vezes as acusações contra Washington.
Peskov afirmou que os Estados Unidos eram responsáveis pelo ataque porque forneceram informações de alvos à Ucrânia. “Sabemos que as decisões sobre estas ações e sobre estes atos terroristas não têm origem em Kiev mas em Washington. Kiev só faz o que lhe dizem para fazer.”
Entretanto, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW na sigla em inglês), uma instituição sem fins lucrativos norte-americana, acusou esta quinta-feira o Governo da Federação Russa de estar por trás do ataque. "A Rússia provavelmente encenou este ataque, na tentativa de trazer a guerra para o público doméstico russo e estabelecer condições para uma mobilização social mais ampla", sublinhou o ISW, numa atualização diária do estado do conflito.
NEW: #Russia accused #Ukraine of conducting a drone strike against the #Kremlin on May 3.
Russia likely staged this attack in an attempt to bring the war home to a Russian domestic audience & set conditions for a wider societal mobilization.🧵1/7
Latest: https://t.co/TLr6LL5vq3 pic.twitter.com/MPiWIjk93C
— ISW (@TheStudyofWar) May 3, 2023
Os especialistas do instituto sublinham que é "extremamente improvável" que dois drones fossem capazes de penetrar "múltiplas camadas" de defesa antiaérea e serem abatidos justamente por cima da residência do presidente russo perante as câmaras.
Entretanto, os EUA Unidos negaram as acusações da Rússia. O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança norte-americano afirmou que as acusações não têm fundamento - John Kirby classificou mesmo como "ridículas" as acusações do porta-voz da presidência russa.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também falou sobre o alegado ataque ao Kremlin e negou qualquer envolvimento. "Posso repetir a mensagem, penso que será clara para todos: não atacámos nem Putin nem Moscovo", afirmou Zelensky quarta-feira, após uma reunião com os chefes de Estado e de Governo dos países nórdicos. "Estamos a defender o nosso território, as nossas aldeias e as nossas cidades. Apenas combatemos no nosso território."
A Rússia tinha acusado Kiev de ter feito uma tentativa de assassínio do presidente russo. De acordo com o gabinete de comunicação do Governo russo, dois drones ucranianos foram neutralizados pelas defesas antiaéreas russas perto de um dos locais onde o presidente passa mais tempo.
"Dois veículos aéreos não tripulados tinham como alvo o Kremlin. Como resultado de ações oportunas tomadas pelos militares e serviços especiais através de sistemas de defesa eletrónica, os veículos foram colocados fora de ação", disse Dmitry Peskov, em declarações à agência estatal russa RIA Novosti, na quarta-feira.
De acordo com Peskov, Putin não se encontrava no edifício, uma vez que estaria a trabalhar na sua residência nos arredores de Moscovo em Novo-Ogaryovo. O Kremlin afirma ainda que não houve feridos a registar.
Imagens a circular nas redes sociais mostram as colunas de fumo sobre o principal edifício do Governo russo. Um dos vídeos mostra mesmo o momento em que um dos drones é destruído em pleno voo, nas imediações da Praça Vermelha.
Putin's* press-service:
— Dmitri (@wartranslated) May 3, 2023
“Lasts night, the Kyiv regime attempted to strike the Kremlin presidential residence with UAVs.
Two unmanned aerial vehicles were aimed at the Kremlin.
As a result of timely actions taken by the military and special services using EW systems, the… pic.twitter.com/yZ0XzgxUNo
A propósito destes eventos, o ex-presidente russo Dmitry Medvedev afirmou que a Rússia não tem outra alternativa a não ser "eliminar" Zelensky.