Ucrânia intensifica combate contra agentes duplos que ajudaram Rússia a invadir o país - TVI

Ucrânia intensifica combate contra agentes duplos que ajudaram Rússia a invadir o país

  • CNN Portugal
  • HCL
  • 23 abr 2023, 19:27
Soldados russos (AP Photo)

O governo ucraniano acredita que infiltrados pró-russos ajudaram a invasão de Kherson e Chernobyl no início da guerra

A Ucrânia está a intensificar o combate contra agentes duplos dentro dos seus serviços secretos, sublinhando que infiltrados de alto nível abriram o caminho para a invasão da Rússia no ano passado, ajudando as forças do Kremlin a tomar o controlo de Kherson e da central nuclear de Chernobyl.

Tetiana Sapian, porta-voz do gabinete de investigação nacional da Ucrânia, alegou que agentes dos serviços secretos russos do FSB tinham penetrado nos serviço de segurança do país e nos diferentes governos locais, com a ajuda de funcionários ucranianos pró-Moscovo que fugiram do país após a revolta de Maidan, em 2014.

Sapian sugeriu ainda que estas informações representam apenas a ponta do iceberg. "A rede é muito mais ampla, e a investigação está centrada na descoberta de todas as circunstâncias e ações de pessoas individuais que levaram à rápida captura de uma parte do Sul da Ucrânia pelas tropas agressoras", disse a porta-voz.

No início deste mês, o gabinete de investigação concluiu um inquérito a Oleh Kulinich, o antigo chefe do departamento dos serviços secretos em Kherson. Os agentes da autoridade suspeitavam que Kulinich trabalhava como um agente infiltrado do FSB que conseguiu ter acesso às reuniões de segurança de alto nível da Ucrânia com a ajuda de funcionários pró-russos fugitivos e de um antigo legislador sancionado pelos Estados Unidos.

"No início da invasão, Kulinich bloqueou intencionalmente quaisquer esforços para alertar a liderança sobre a situação real na região de Kherson. Ele não tomou quaisquer medidas para salvaguardar a soberania da Ucrânia. Instruiu o pessoal a abandonar o seu local de serviço. Mais tarde, emitiu armas regulares para indivíduos que nada tinham a ver com os serviços secretos. Deixou a sua posição e partiu para Kiev a 24 de fevereiro", disse Sapian, em conferência de imprensa, esta quinta-feira, citada pelo jornal Politico

Kulinich foi detido em julho do ano passado e acusado de traição. Se for considerado culpado pelo tribunal, pode enfrentar pena perpétua. Também as escutas telefónicas entre Kulinich e o seu alegado colaborador, o antigo Secretário Adjunto da Defesa da Ucrânia, Volodymyr Sivkovych, que fugiu para a Rússia em 2014, foram publicadas pelo gabinete de investigação e pelos serviços secretos ucranianos. 

Aliás, em janeiro de 2022, os EUA impuseram sanções a Sivkovych por cooperar com uma rede de agentes dos serviços secretos russos na condução de operações de influência destinadas a obter apoio para a nomeação oficial da Crimeia como território da Rússia, em troca da retirada das forças apoiadas pela Rússia da região do Donbass, na Ucrânia Oriental. De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, Sivkovych esteve também envolvido numa campanha de desinformação contra as eleições presidenciais norte-americanas de 2020.

Já Vasyl Malyuk, chefe dos serviços secretos ucranianos, declarou que Kulinich recebeu as suas instruções do gabinete político de funcionários ucranianos fugitivos em Moscovo, a que se referiu como "a chamada quinta de toupeiras da inteligência". Malyuk descreveu o caso Kulinich como uma operação de "auto-limpeza" e declarou que os oficiais de informações vão prosseguir os “esforços anti-FSB”.

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