"Éramos totalmente alheios à existência de um plano de fuga". Advogado de dois fugitivos de Vale de Judeus garante que famílias desconhecem paradeiro - TVI

"Éramos totalmente alheios à existência de um plano de fuga". Advogado de dois fugitivos de Vale de Judeus garante que famílias desconhecem paradeiro

  • Agência Lusa
  • WL
  • 8 set, 22:14

Lopes Guerreiro afirmou ainda que vai agir judicialmente por terem sido divulgados dados pessoais dos seus clientes

O advogado de dois dos cinco homens que fugiram no sábado da prisão de Vale dos Judeus, em Alcoentre, afirmou hoje que nem ele nem as famílias dos foragidos sabiam de um plano de fuga e desconhecem os paradeiros.

“Quer eu, quer as famílias destes (em Portugal e no estrangeiro) éramos totalmente alheios à existência de um plano de fuga do Estabelecimento Prisional e fomos apanhados de surpresa pelo que aconteceu”, disse Lopes Guerreiro, advogado dos dois foragidos, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

O advogado de Rodolfo Lohrmann e de Fábio Loureiro adiantou que tem estado “em contacto permanente com as famílias de ambos em Portugal e na América do Sul” e que pode avançar “que desconhecem os seus paradeiros”.

Lopes Guerreiro afirmou ainda que vai agir judicialmente por terem sido divulgados dados pessoais dos seus clientes, que diz serem “documentos internos e reservados do Estabelecimento Prisional”, deduzindo que foram revelados por iniciativa ou com a conivência deste.

As famílias “estão preocupadas com tudo o que ocorreu” e o que “poderá acontecer com ambos futuramente”.

Sobretudo os familiares de Fábio Loureiro, adiantou o advogado na nota enviada à Lusa, manifestaram “grande indignação com o exagerado empolamento do seu passado criminal e da divulgação de factos e de crimes que este nunca praticou ou pelos quais foi sequer condenado” em notícias que têm estado a surgir em alguns órgãos de comunicação social.

Estão ainda revoltados, adiantou, por terem sido expostos nas redes sociais e em alguns órgãos de comunicação social os seus dados pessoais, como os nomes e moradas de familiares, “constantes das próprias fichas de recluso no Estabelecimento Prisional (EP) de Vale de Judeus”.

“São documentos internos e reservados do Estabelecimento Prisional e cuja divulgação e exposição só poderá ter ocorrido com a iniciativa/conivência do próprio EP de Vale de Judeus, pelo que irei em breve, no que aos meus clientes respeita, agir judicialmente por tal facto”, disse o advogado.

Cinco reclusos fugiram no sábado do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa.

A fuga foi registada pelos sistemas de videovigilância pelas 09:56, mas só foi detetada 40 minutos depois, quando os reclusos regressavam às suas celas.

Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.

Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.

Segundo avançou no sábado a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), uma avaliação preliminar, com recurso a imagens de videovigilância, aponta que a fuga dos cinco homens ocorreu "com ajuda externa através do lançamento de uma escada, que permitiu aos reclusos escalarem o muro e acederem ao exterior".

O Sistema de Segurança Interna (SSI) indicou também no sábado ter sido "agilizada a cooperação policial internacional" para a sua captura.

De acordo com a DGRSP, já foi aberto um processo de inquérito interno, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção, coordenado pelo Ministério Público.

O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, disse hoje que os cinco homens são “gente muito violenta, com enorme capacidade de mobilidade” e que está a levar a cabo uma investigação para saber de que forma ocorreu a fuga e quem está por detrás dela.

Segundo o diretor da PJ, os evadidos “tudo farão para continuar em liberdade”, reconhecendo que “o fator vida humana está em causa”, alertando para o “grau de complexidade e violência” dos homens.

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