"Morreu de algo evitável após oito dias de sofrimento": menina de 12 anos morre de peritonite em Valência depois de três idas ao hospital - TVI

"Morreu de algo evitável após oito dias de sofrimento": menina de 12 anos morre de peritonite em Valência depois de três idas ao hospital

  • CNN Portugal
  • BCE
  • 10 fev 2023, 18:47
Emma e os pais, Pedro e Beatriz (D.R.)

A criança queixava-se de fortes dores abdominais, acompanhadas de episódios de febre e vómitos, que se prolongavam há uma semana. Nas várias visitas que fez ao hospital, os médicos consideraram que se tratava de sintomas da primeira menstruação ou de um vírus

Emma Martínez Gascón, de 12 anos, morreu esta segunda-feira de peritonite, no Hospital Clínico de Valência, Espanha, depois de três idas às urgências de Viver e ao hospital de Sagunto, onde não lhe foi diagnosticada qualquer anomalia. Os médicos chegaram a dizer à família que poderiam tratar-se de sintomas associados à primeira menstruação ou até de um vírus. 

“A Emma jogava futebol, era divertida, carinhosa, cheia de vida, tal como os dois irmãos [de 17 e 22 anos] e todos a conheciam.” É assim que os pais de Emma Gascón recordam a filha, de quem se despediram na segunda-feira, depois de uma semana de aflição e correrias entre hospitais para ajudar a menina.

A criança queixava-se de fortes dores abdominais, acompanhadas de episódios de febre e vómitos, que já se prolongavam há uma semana. No dia 29 de janeiro, um domingo, a mãe decidiu levá-la ao Centro de Urgências localizado em Viver, onde o médico de serviço não detetou nada de grave. 

"A minha esposa perguntou-lhe se poderia ser apendicite, já que temos um histórico de apendicites na família. O médico respondeu-lhe que não achava que fosse isso, mas que poderia ser a sua primeira menstruação ou um vírus do estômago”, conta o pai da menina, em declarações ao jornal El País.

De regresso a casa, o estado de Emma foi piorando. As dores abdominais eram de tal forma fortes que não conseguia dormir, disse Pedro Gascón. Na quinta-feira, dia 2 de fevereiro, a mãe resolve dirigir-se novamente ao Centro de Urgências de Viver com Emma, onde foram atendidas por um outro médico de serviço, que, de acordo com os pais, repetiu o mesmo diagnóstico do médico anterior.

“Quando eu regressei a casa na sexta-feira [de uma viagem de trabalho] e olhei para a cara da minha filha… ela nem conseguia estar de pé. No dia seguinte de manhã, pelas 11:30, levei-a ao hospital”, continua o pai, referindo-se ao hospital da região, localizado em Sagunto.

“Ficámos lá até às 17:00 da tarde. Eles fizeram-lhe análises à urina e auscultação abdominal, observaram-lhe a língua branca e pouco mais. Devem ter visto que os resultados das análises à urina estavam normais e mandaram-nos para casa,” acrescenta.

No domingo, 5 de fevereiro, Emma perdeu a consciência e desmaiou. "Fomos para o Centro de Emergência de Viver porque era o que tínhamos mais perto. Ela entrou em paragem cardiorrespiratória, eles usaram um desfibrilhador. Chamaram uma ambulância, que chegou em 12 minutos. Conseguiram estabilizá-la e transportaram-na para o Hospital Clínico de Valência, onde toda a equipa médica pediátrica já estava à espera dela para a operarem", recorda o pai.

"Depois, voltou a entrar em paragem cardiorrespiratória. Eles ainda tentaram reanimá-la durante cerca de duas horas. Acabou por morrer às 02:00 da manhã."

Os médicos disseram aos pais que a causa de morte de Emma foi "peritonite purulenta", uma infeção na membrana que envolve o intestino (peritoneu), que acabou por provocar uma infeção generalizada.

“Como é que depois de três visitas ao médico com a menina naquele estado eles não foram capazes de lhe fazer uma ecografia ou uma análise ao sangue?”, questiona o pai, que acredita que Emma "morreu de algo evitável depois de oito dias de sofrimento".

Agora, a família pretende apresentar queixa contra a administração dos hospitais por negligência médica. Citadas pelo El País, fontes da Secretaria Municipal de Saúde de Valência lamentaram “profundamente o sucedido” e garantiram à família que “tudo o que se passou será analisado”.

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