As localidades mais afetadas pelas inundações nos subúrbios de Valência, Espanha, vão continuar interditas a não moradores, ao mesmo tempo que as escolas permanecerão fechadas toda a semana e as autoridades apelam ao teletrabalho.
O governo regional da Comunidade Valenciana, onde morreram pelo menos 213 pessoas no temporal de terça-feira da semana passada, decidiu prolongar por 48 horas a proibição de acesso a 10 localidades nos arredores da cidade de Valência, que foi pela primeira vez adotada no domingo.
As autoridades justificam a decisão com o objetivo de facilitar os trabalhos de garantia e restabelecimento dos serviços essenciais nas zonas afetadas, incluindo a distribuição de água e alimentos e a reposição total do fornecimento de energia e das telecomunicações.
No feriado de sexta-feira e no sábado, acorreram a estas localidades multidões de voluntários para ajudar em tarefas de limpeza ou para levar água, alimentos e outros bens a municípios em que os abastecimentos estão condicionados pela destruição de infraestruturas e de lojas.
Na sexta-feira, a afluência de pessoas bloqueou os acessos às localidades dos subúrbios da cidade de Valência, com as autoridades a apelarem para que não fossem levados os carros e a criarem um centro de voluntariado para tentar organizar as multidões.
No sábado, milhares de pessoas foram ao centro de voluntariado, mas milhares de outras continuaram a dirigir-se por livre iniciativa, a pé, para as zonas afetadas, enchendo totalmente caminhos e vias de acesso.
Quase uma semana após o temporal, a província de Valência, a mais afetada pelas cheias e onde vivem mais de 2,6 milhões de pessoas, continua a ter estradas cortadas ou condicionadas, assim como limitações nas redes do metro e dos comboios suburbanos.
As autoridades fizeram um apelo ao teletrabalho esta semana em todas as atividades que não estejam relacionadas com os serviços essenciais e decidiram manter as escolas e universidades fechadas nos próximos dias.
Segundo o último balanço do governo regional, de domingo à tarde, há 12 municípios que continuam sem gás e já foi restabelecido 95% do fornecimento de eletricidade.
Quando à rede de saneamento e de água, continua a ter as maiores perturbações, mas em todas as zonas afetadas está já garantido algum tipo de fornecimento de água para limpeza que, porém, não é própria para consumo humano.
O leste de Espanha, em especial a região de Valência, foi atingido na terça-feira por um temporal que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa neste século, disse no sábado o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que reconheceu haver uma “situação trágica” na região de Valência e anunciou o envio de mais 5.000 militares para o terreno e de mais 5.000 elementos das forças de segurança.
Com este reforço, há já mais de 7.000 militares nas zonas afetadas pelas cheias e 10.000 elementos da Polícia Nacional e da Guarda Civil, no maior dispositivo de forças do Estado jamais mobilizado em Espanha em tempos de paz.
Além dos mais de 200 mortos confirmados até agora, dezenas de famílias continuam a procurar pessoas desaparecidas, segundo as autoridades.
Os trabalhos das equipas de resgate estão a concentrar-se agora em garagens e parques de estacionamento que permanecem alagados.
Além das vítimas mortais, o temporal causou danos em infraestruturas de abastecimento, comunicações e transportes.