Nicolás Maduro quer mudar Constituição e prisão perpétua para corrupção - TVI

Nicolás Maduro quer mudar Constituição e prisão perpétua para corrupção

  • Agência Lusa
  • DCT
  • 14 abr, 08:18
Nicolas Maduro anuncia recandidatura presidencial (AP)

Antes de fazer a proposta, o dirigente explicou que a população é testemunha de uma luta feroz contra a corrupção e contra a traição, vincando que ele também foi apunhalado pelas costas.

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou no sábado que quer iniciar um debate no país para alterar a Constituição e incluir prisão perpétua para crimes de corrupção e traição.

“Quero fazer-lhes uma proposta em que tenho vindo a pensar há um ano e que creio que chegou o momento de a pôr em prática. Muitas vezes, os traidores, os ‘vende-pátria’, os corruptos, atuam zombando da lei e penso que chegou o momento de uma reforma constitucional para introduzir na nossa Constituição a pena de prisão perpétua por corrupção, por traição e por crimes graves contra o povo”, disse.

Nicolás Maduro falava em Caracas para apoiantes, numa concentração que assinalou o 22.º aniversário dos acontecimentos que, em abril de 2002, afastaram temporariamente o ex-Presidente Hugo Chávez (1954-2013) do poder.

“Mas para reformar a Constituição precisamos do povo e eu apelo ao povo que tenha este debate e convoco uma reforma constitucional para introduzir já a prisão perpétua na nossa Constituição e que estas pessoas apodreçam para toda a vida na prisão”, frisou.

Ao finalizar a proposta, Maduro perguntou aos presentes se concordavam e pediu que estes levantassem as mãos, sublinhando em resposta que a proposta estava aprovada.

“É doloroso, mas mais doloroso é o dano que causaram ao povo. Temos de ser implacáveis. Que caia quem cair, e sabem que podem contar comigo, nunca vos falharei, nem contra a conspiração nem contra a corrupção. Nunca falharei ao povo”, afirmou.

Antes de fazer a proposta, o dirigente explicou que a população é testemunha de uma luta feroz contra a corrupção e contra a traição, vincando que ele também foi apunhalado pelas costas.

“Gente em quem eu confiava plenamente, que acreditaram que o poder lhes pertencia e se esqueceram do povo”, denunciou.

Questionou ainda se não foram suficientes “as agressões imperialistas, as sanções criminosas, o bloqueio, as tentativas de magnicídio e de golpe de Estado, para que a quem é dada a confiança pública traia o povo e se corrompa a um nível nunca antes visto”.

Maduro explicou que é ele próprio que dirige há mais de um ano as investigações de corrupção no país e anunciou que “surgiram novas provas, novos testemunhos e novos traidores e corruptos que foram capturados e vão para a cadeia por terem traído o povo”.

“Peço o apoio total do povo na luta contra a corrupção, contra este cancro da traição. Peço todo o apoio para as ações do Procurador da República [Tarek William Saab], o corajoso Procurador, o Procurador da Justiça”, disse.

A 9 de abril, o Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou a detenção de dois ex-ministros e um empresário suspeitos de corrupção e envolvimento num esquema com criptomoedas no setor petrolífero.

Os antigos governantes em questão são o ex-ministro do Petróleo Tareck El Aissami, considerado no passado um dos homens-chave do Governo de Maduro, o ex-ministro de Economia e Finanças Simón Alejandro Zerpa e o empresário Samark López.

Segundo o procurador, os detidos realizaram operações ilegais, atribuíram carregamentos de petróleo sem controlo administrativo nem garantias, desrespeitando as normas contratuais da empresa estatal. Por esse petróleo atribuído ilegalmente não foram efetuados os pagamentos correspondentes à petrolífera estatal.

No âmbito desta investigação, as autoridades da Venezuela já detiveram 54 pessoas.

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