Governo português exige libertação "imediata" de ex-governador luso-venezuelano - TVI

Governo português exige libertação "imediata" de ex-governador luso-venezuelano

  • Agência Lusa
  • PP
  • 9 ago, 19:47
Paulo Rangel (Lusa)

Ministro dos Negócios Estrangeiros afirma que Dávila Barrios foi detido quinta-feira, "de modo arbitrário e com saúde precária"

O Governo português exigiu hoje às autoridades venezuelanas "a libertação imediata e incondicional de Williams Dávila Barrios, político da oposição e ex-governador do Estado de Merida, com nacionalidade portuguesa".

Numa declaração na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirma que "Portugal insiste na libertação dos opositores políticos detidos, na garantia da liberdade de manifestação política e na transparência democrática, em contacto estreito com os Estados da região e com os parceiros da UE".

No texto, Paulo Rangel afirma que Dávila Barrios foi detido quinta-feira, "de modo arbitrário e com saúde precária".

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse esta sexta-feira à tarde à Lusa que dois luso-venezuelanos se encontram detidos na Venezuela devido à sua participação em manifestações contra Nicolás Maduro, estando o Governo português a acompanhar o caso.

Trata-se de um homem e uma mulher que foram detidos durante esta semana, quando participavam em atos que “o regime considera ilegais”, afirmou José Cesário.

Os detidos têm nacionalidade venezuelana e portuguesa, sendo, para já, os únicos detidos de que o Governo tem conhecimento.

Entretanto, fonte familiar disse à Lusa que foi detido um outro luso-venezuelano, um jovem que se encontra numa dependência policial na localidade de Puerto Cabello, estado de Carabobo (centro-norte do país), depois de ter sido apanhado pela polícia, juntamente com outras pessoas, durante uma manifestação pacífica de contestação aos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, vive uma crise eleitoral após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter atribuído a vitória a Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.

María Corina Machado exige “libertação imediata” de opositor luso-descendente Williams Dávila

Também a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, exigiu a “libertação imediata” do ativista luso-descendente Williams Dávila, detido na quinta-feira após participar em Caracas numa manifestação em que centenas de pessoas pediram a libertação dos presos políticos.

A informação foi transmitida à agência noticiosa espanhola Efe pelo advogado criminalista e defensor dos direitos humanos Rafael Narváez.

“No dia 08 de agosto, o nosso amigo e colega, o ex-governador de Mérida, Williams Dávila, foi sequestrado pelo regime”, escreveu María Corina Machado na rede social X (antigo Twitter).

Dávila foi “intercetado” por “uma carrinha sem placas de matrícula e duas motorizadas”, em que viajavam funcionários que não ostentavam identificação de qualquer órgão de segurança do Estado, indicou Narváez.

Machado apelou também para a libertação imediata dos “presos políticos”, depois de vários líderes ligados à maior coligação da oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), terem sido detidos nos últimos dias, na sequência das eleições de 28 de julho.

Na quinta-feira, centenas de venezuelanos manifestaram-se em Caracas pela libertação dos seus concidadãos considerados presos políticos e para repudiar “a repressão” desencadeada pelos protestos contra o resultado oficial das eleições presidenciais de 28 de julho, que deu a vitória ao atual Presidente da República, Nicolás Maduro, o que foi questionado dentro e fora do país.

Em setembro de 2017, o Tribunal Interamericano dos Direitos Humanos (TIDH) aprovou medidas cautelares de proteção para o ex-deputado luso-venezuelano e ex-governador do Estado de Mérida, Wllliams Dávila, após este ter denunciado estar a ser perseguido.

O TIDH ordenou ao Estado venezuelano que adotasse todas as medidas necessárias para garantir a vida e integridade de Williams Dávila.

Continue a ler esta notícia