Quando se pensa em marcar as férias de verão, talvez se pense em viagens com parceiros, amigos ou família. A ideia de ir de férias sozinho pode ser assustadora, ou mesmo pouco apelativa. Levanta todo o tipo de questões - com quem é que vai falar? Com quem é que vai comer? Estará seguro?
Há muito que existe um estigma contra o consumo individual. As normas sociais encorajam-nos a estar com alguém - as experiências de lazer são consideradas como algo a partilhar com outros. Também pode haver um nível de culpa ou de autoindulgência associado às viagens a solo, sentindo-se como se estivesse a fugir às responsabilidades ou a abandonar o tempo com a família.
No entanto, o aumento do número de agregados familiares unipessoais significa que a indústria hoteleira está agora a servir consumidores individuais, para além de famílias e casais. A linha cada vez mais ténue entre trabalho e lazer, especialmente para os Millennials e as gerações mais jovens, torna mais fácil trabalhar à distância ou viajar como parte do nosso trabalho. Somos mais transitórios do que nunca e temos mais oportunidades de trabalhar e viajar sozinhos sem nos sentirmos completamente desligados do resto das nossas vidas.
Nos últimos anos, as pessoas têm viajado cada vez mais sozinhas - incluindo os mais jovens. Também partilham as suas experiências com um grande público nas redes sociais - a hashtag #SoloTravel tem mais de oito milhões de publicações no Instagram. Os viajantes solitários estão a participar na crescente economia individual - novos produtos e serviços destinados ao consumidor a solo.
Hotéis, cruzeiros, restaurantes, empresas de turismo e festivais estão a mostrar como o design, o pessoal e a tecnologia podem ser adaptados para acomodar - e até incentivar - o consumo individual nas viagens. A nossa investigação sobre a experiência dos consumidores solitários em cafés oferece uma perspetiva de como o consumo a solo pode ser tão agradável e gratificante como ir com um parceiro ou amigo. Através de exercícios de escrita livre, estes consumidores partilharam as suas próprias experiências. As suas palavras oferecem algumas razões para que também o experimente.
Estar juntos, sozinhos
Os participantes da nossa investigação destacaram fatores-chave que os ajudam a desfrutar da sua experiência a solo - assentos altos e vistas de janela que lhes permitem sentar-se e observar a vida dos outros sem qualquer interação direta. Não é necessário chegar com outras pessoas para se sentir parte de um ambiente social. Sozinho numa praça cheia de gente ou numa praia movimentada, a proximidade de outras pessoas e as suas conversas podem ser uma fonte de conforto, distração ou mesmo entretenimento.
Tire algum tempo para si
Estar sozinho pode ser uma experiência terapêutica, um momento para processar pensamentos, sentimentos e emoções e deixá-lo pronto para enfrentar o mundo novamente. Talvez seja melhor reservar algum tempo para escrever, desenhar ou praticar outra atividade criativa no seu tempo livre. Desfrute dos seus próprios pensamentos sem se sentir pressionado a agradar a ninguém ou a forçar uma conversa.
Saia da sua zona de conforto
Ser capaz de fazer as suas próprias coisas, sem ter de ter em conta os outros, pode ser relaxante e pode também dar-lhe a oportunidade de fazer algo que nunca fez antes, sem ser julgado. Pode querer ir a algum tipo de aula, fazer compras ou ter um dia completamente descontraído.
Os resultados da nossa investigação indicam que o tempo passado a fazer coisas sozinho pode aliviar algumas das pressões que os companheiros podem trazer. O tempo a sós dá-lhe espaço para viver as coisas no seu próprio tempo e observar o que o rodeia sem distrações. Ao fazê-lo, pode dar por si em novas situações, longe da sua zona de conforto - uma experiência energizante e cativante.
Abrace a cultura dos viajantes solitários
Os viajantes individuais têm a sua própria maneira de fazer as coisas, partilham um comportamento e um processo e, muitas vezes, tornam-se um coletivo em si mesmos. Reconhecem o processo de viajar sozinho e respeitam os outros que fazem o mesmo, podendo até procurar espaços para estarem sozinhos, juntos. Os viajantes a solo podem participar numa experiência e num diálogo partilhados, mantendo o seu próprio individualismo - ajudam-se mutuamente quando necessário, mas também se deixam em paz.
*Clare McCamley é investigadora e professora de marketing na Universidade de Huddersfield, Inglaterra