Morreu Victoria Amelina, a escritora ucraniana que documentava crimes de guerra russos - TVI

Morreu Victoria Amelina, a escritora ucraniana que documentava crimes de guerra russos

  • CNN Portugal
  • AM
  • 3 jul 2023, 10:16
Victoria Amelina (Twitter)

Victoria Amelina estava no restaurante que foi alvo do ataque que matou 13 pessoas em Kramatorsk

A escritora ucraniana Victoria Amelina, ferida num ataque russo a um restaurante em Kramatorsk, no leste da Ucrânia, morreu, anunciou uma organização não-governamental (ONG) ucraniana.

Victoria Amelina, de 37 anos, estava a documentar os crimes de guerra russos com a iniciativa de direitos humanos Truth Hounds e estava no restaurante com uma delegação de jornalistas e escritores colombianos, entre eles Héctor Abad Faciolince e o ex-comissário para a paz Sergio Jaramillo, quando o ataque aconteceu.

O ataque, que foi considerado crime de guerra pela associação de escritores PEN, matou 13 pessoas e feriu outras 60. Segundo a associação, citada pela BBC, os médicos "fizeram de tudo para tentar salvá-la, mas infelizmente os ferimentos foram fatais". 

"É com grande dor que informamos que o coração da escritora Victoria Amelina parou de bater no dia 1 de julho. Nos últimos dias da vida da Victoria, a sua família e os amigos estiveram ao seu lado", lê-se no comunicado da organização.

Romancista que documentou crimes de guerra

De acordo com a PEN Ucrânia, Victoria Amelina nasceu a 1 de janeiro de 1986 e, quando já andava na escola, mudou-se para o Canadá com o pai, mas o regresso aconteceu pouco depois. Em 2007, licenciou-se cum laude na Universidade Politécnica de Lviv (mestrado em tecnologias informáticas), tendo trabalhado na área até 2015.

É apenas em 2014 que Victoria Amelina faz a sua estreia como escritora, com a publicação do livro "The Fall Syndrome, or Homo Compatiens", livro que chegou a ser nomeado para o Prémio Valerii Shevchuk. Em 2016 seria publicado "Somebody, or Waterheart" e em 2017 "Dom’s Dream Kingdom", livro que lhe rendeu o prémio de melhor livro do ano no Festival Zaporizhzhia Book Toloka e nomeações para os prémios LitAccent 2017, UNESCO City of Literature e União Europeia para a Literatura.

Victoria Amelina era ainda a fundadora de um festival de Literatura na região de Donetsk. "Devido à invasão russa em grande escala em 2022, em vez do festival, a equipa lançou a iniciativa "Fight Them with Poetry" (Combatê-los com Poesia) para ajudar a abastecer as unidades do exército ucraniano que defendem a região", lê-se no site.

Victoria Amelina era romancista, ensaísta, poetisa e ativista de direitos humanos ucraniana baseada em Kiev, tendo sido distinguida com o prémio Joseph Conrad de Literatura mas, com o início da guerra na Ucrânia, deixou os livros de lado para começar a documentar os crimes de guerra e trabalhava com a "Truth Hounds", uma ONG que investiga graves violações de direitos humanos. Foi durante esse trabalho que desenterrou o diário do escritor infantil Volodymyr Vakulenko, que foi raptado e morto pelas tropas russas na cidade de Izyum, pouco depois da invasão russa.

"Agora, Victoria tornou-se vítima de um crime de guerra", afirmaram as duas organizações de que a escritora fazia parte, a PEN Ucrânia e a Truth Hounds.

O primeiro livro de não ficção em inglês, "War and Justice Diary: Looking at Women Looking at War", está prestes a ser publicado.

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