Mais de 1.600 episódios de violência contra profissionais de saúde em 2022 - TVI

Mais de 1.600 episódios de violência contra profissionais de saúde em 2022

  • Agência Lusa
  • AG
  • 2 mar 2023, 07:20
Médicos (imagem Getty)

Mais de 540 profissionais tiveram de receber apoio psicológico

Mais de 1.600 episódios de violência contra profissionais de saúde foram registadas no ano passado na plataforma Notifica, um recorde desde que foi criada, há três anos, e as instituições denunciaram criminalmente mais de 200 situações.

“Foi o ano com maior número de notificações desde que existe a plataforma. Tivemos 1.632 registos de episódios de violência” contra profissionais de saúde, disse à Lusa o coordenador do Gabinete de Segurança para a Prevenção e o Combate à Violência contra os Profissionais de Saúde, Sérgio Barata.

Segundo o responsável, a subida do numero de registos no ano passado foi muito influenciado por um “incentivo à denúncia”, que leva a uma maior sensibilização para a necessidade de reporte destas situações, não só pelos profissionais, mas também pelas instituições.

“Não são apenas os profissionais, por si, que denunciam estes casos. As instituições também reportam”, lembrou o responsável.

Os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde indicam que quase todas as instituições (97%) têm nomeado o Ponto Focal Institucional e que 85% constituíram Grupos Operativos Institucionais, envolvendo um total de 1.540 profissionais.

"Todas estas pessoas sabem que, quando acontece alguma coisa, deve-se proceder ao registo porque queremos conhecer melhor a realidade", explicou o coordenador do gabinete.

Em conjunto, as forças de segurança – mais de 200 polícias e elementos da GNR - e as instituições do Serviço Nacional de Saúde realizaram no ano passado 430 ações de formação sobre prevenção da violência, em que participaram 12.509 profissionais de saúde.

À Lusa, Sérgio Barata explicou que as ações desenvolvidas são muito diferentes.

“Temos ações da PSP e GNR com duas componentes: Com uma parte teórica, em que é explicado o procedimento criminal, o que acontece perante uma queixa, e uma parte mais prática, com conselhos de autoproteção perante alguém potencialmente violento”.

“Há ainda outra componente de formação, para os pontos focais, em que explicamos questões sobre organização de segurança e sobre a implementação do plano e sobre os protocolos e procedimentos a seguir. Há igualmente muita formação ministrada pelas instituições”, explicou.

Além destas ações de formação, que envolvem profissionais dos diversos departamentos das instituições de saúde, há também ações dirigidas, por exemplo, para serviços de psiquiatria.

Sérgio Barata sublinhou também a importância de quem denuncia conhecer as consequências do ato de violência denunciado: “É importante para quem denuncia saber a consequência e é importante também em termos de prevenção geral das situações de violência”.

“Ultimamente, há algum conhecimento, algumas notícias sobre consequências das denúncias feitas e isso tem fator forte de prevenção”, insistiu.

Sérgio Barata reconheceu que este é “um dos capítulos em que há mais trabalho para desenvolver” e destaca igualmente a importância da celeridade na resolução destes casos.

“Quando acontece alguma coisa, haver em pouco tempo uma consequência é também importante e dissuasor dos episódios de violência”, acrescentou.

Mais de 540 profissionais receberam apoio psicológico

Mais de 540 profissionais de saúde receberam apoio psicológico no ano passado na sequência de episódios de violência, segundo dados hoje divulgados que apontam para a existência de mais de 800 botões de pânico nas instituições.

Segundo os dados do Ministério da Saúde, os profissionais de saúde vítimas de violência estiveram 2.645 dias ausentes ao trabalho em 2022 na sequência da violência sofrida e foram abertos 329 processos por acidente em serviço decorrente destes episódios.

No que se refere aos dispositivos de segurança – medidas que estão sempre relacionadas com a avaliação de risco -, no inquérito de segurança de 2021 foi apurada a existência de 821 “botões de pânico”, um número que mais do que duplicou relativamente a 2019, quando estavam identificados 292.

Em complemento do reforço do policiamento, têm sido igualmente realizadas ações de formação.

No ano passado a PSP promoveu 153 sessões que envolveram 3.349 profissionais de saúde, e a GNR 32 sessões, envolvendo 686 profissionais de saúde.

A estas ações acrescem mais 245 ministradas pelas próprias instituições para que os profissionais de saúde saibam o que fazer perante uma situação de violência e como reportar os casos.

No total, em 2022, participaram nas ações de formação sobre prevenção da violência 12.509 profissionais de saúde.

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