Exclusivo: operação da PJ desfaz rede de "Xuxas", o maior traficante português - TVI

Exclusivo: operação da PJ desfaz rede de "Xuxas", o maior traficante português

Aos 38 anos, Xuxas, como é conhecido, era o maior traficante português de sempre

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A Polícia Judiciária tem desde o início da manhã a correr, sobretudo na grande Lisboa, uma megaoperação chamada "Exotic Fruit III" para desmantelar toda a estrutura da rede de Ruben Oliveira, conhecido por "Xuxas" e considerado o maior traficante português, apurou a CNN Portugal.

Depois de o cérebro da rede ter sido capturado em Junho, a unidade de combate ao tráfico de droga foi agora atrás dos cúmplices. Ao todo, segundo as autoridades, foram detidas nove pessoas, oito homens e uma mulher, com idades compreendidas entre os 25 e os 66 anos, por tráfico internacional de droga, sobretudo cocaína, branqueamento de capitais e associação criminosa.

De acordo com o comunicado enviado às redações, a Polícia Judiciária apreendeu "viaturas de alta gama, dinheiro, uma arma de fogo e elementos documentais indiciários de atividade ilícita em investigação".

Em causa, estão as pessoas que tratavam não só de toda a logística de importação e distribuição de droga, mas também aqueles que ajudavam "Xuxas" a branquear uma fortuna de largos milhões de euros sobretudo através da aquisição de património imobiliário.

Aos 38 anos, era o maior traficante português de sempre, por associação a grandes cartéis da Colômbia e ao major Carvalho, o “Escobar brasileiro”, de quem era, de resto, o braço direito na Europa. Só lidava com cocaína, ao mais alto nível, e sempre na sombra, longe da notoriedade, por exemplo, que teve no nosso país Franquelim Lobo, mas numa dimensão sem precedentes no mercado nacional.
 
Considerado um “padrinho” do tráfico, tem tatuadas no corpo imagens dos dois mais famosos barões da droga, Pablo Escobar e El Chapo. Foi traído por causa de uma megaoperação da PJ em fevereiro passado apelidada de “Exotic Fruit”, e acabou detido no início do Verão.
 
A Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes apreendeu 3,5 milhões de doses de cocaína provenientes da América Latina, que chegaram a Portugal por via aérea dissimuladas em caixas com sete toneladas de fruta tropical, nomeadamente papaias, e prendeu em fevereiro cinco homens, dois portugueses e três estrangeiros. O caso resultou ainda na apreensão de bens, dinheiro e documentos, e, daí, resultaram provas de que o dono da droga era o major Sérgio Carvalho, ex-oficial da Polícia Militar brasileira – numa operação, com vista à distribuição por outros países europeus, coordenada por Ruben Oliveira. Era o princípio do fim para “Xuxas”.
 
O major Carvalho foi apanhado em Junho na Hungria, onde se escondia com identidade falsa. Quanto a “Xuxas”, depois da operação da PJ em fevereiro, e da captura de colaboradores, também fugiu de Portugal. Geria as operações à distância nos últimos meses, mas regressou em junho para visitar familiares ao bairro dos Olivais, em Lisboa, onde acabou localizado e capturado pela PJ, que emitiu mandados de detenção. Está em prisão preventiva.
 
Nos últimos anos, “Xuxas” conquistou um acesso direto ao major Carvalho, para quem já trabalhava antes por via indireta. Isso deu-lhe uma dimensão nunca antes vista em Portugal, na gestão de importação, logística e distribuição de cocaína na Europa em articulação com um dos maiores traficantes do mundo – o major Carvalho –, além da associação aos maiores cartéis colombianos.
 
Sérgio Carvalho, recorde-se, era perito em fugas e dissimulação – tendo inclusive conseguido simular a própria morte em Espanha. Tinha um império imobiliário em Lisboa, que serve de placa giratória e de entrada para o tráfico internacional na Europa, sobretudo por via marítima. Aqui, contaria com o apoio do português Ruben Oliveira, também ele alegadamente dono de um império imobiliário colocado em nome de testas de ferro. Apesar de alguns cuidados, os sinais exteriores de riqueza são abundantes.
 
As prisões de Sérgio Carvalho e Ruben Oliveira, fruto da articulação entre a Judiciária e a Polícia Federal brasileira, foram consideradas uma forte machadada no grande tráfico internacional de cocaína do continente americano para a Europa.

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