Zelensky classifica como “histórico” abate dos mísseis russos supersónicos - TVI

Zelensky classifica como “histórico” abate dos mísseis russos supersónicos

  • CNN Portugal
  • AM com Lusa
  • 16 mai 2023, 23:21
Volodymyr Zelensky (AP)

Chefe de Estado ucraniano agradeceu às Forças Armadas do seu país e aos aliados que apoiam Kiev com armamento e treino dos seus militares

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou como um “resultado histórico” a interceção de todos os mísseis russos lançados na terça-feira contra a Ucrânia, incluindo seis mísseis supersónicos Kinzhal, informações negadas por Moscovo.

"Tinham-nos dito que esses mísseis têm morte garantida porque são impossíveis de abater", sublinhou Zelensky que se dirigiu por videoconferência à cimeira de chefes de Estado e Governo do Conselho da Europa (CoE), que começou esta terça-feira em Reiquiavique.

A Rússia lançou mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro e ‘drones’ ao mesmo tempo para travar o trabalho das defesas antiaéreas ucranianas, explicou Zelensky, garantindo que, apesar disso estes sistemas conseguiram "salvar todas as vidas" que estavam ameaçadas.

O chefe de Estado ucraniano agradeceu às Forças Armadas do seu país e aos aliados que apoiam Kiev com armamento e treino dos seus militares.

"Faz um ano não fomos capazes de derrubar a maioria dos mísseis terroristas, principalmente os balísticos. E eu pergunto, se podemos fazer isso agora, há algo que não possamos fazer se estivermos unidos e determinados a salvar vidas?”, frisou no seu discurso.

No entanto, Zelensky enfatizou que "ainda há muito a ser feito" para que o abate de 100% dos mísseis agressores se torne a norma, destacando que as defesas antiaéreas ucranianas precisam de ser ainda mais fortalecidas.

Moscovo negou esta terça-feira as alegações de Kiev sobre a ação das suas defesas aéreas.

"A Rússia não lançou tantos Kinzhals quanto [os ucranianos] dizem que derrubaram", salientou o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, citado pela agência de notícias Ria Novosti.

Shoigu referiu que Kiev deu um número de interceções três vezes superior à realidade.

O míssil Kinzhal ("Adaga" em russo) é uma das armas apontadas como "invencíveis" pelo Presidente russo, Vladimir Putin, já que a sua velocidade permite ultrapassar a maioria dos sistemas de defesa aérea.

A Ucrânia tinha revelado o abate de um míssil russo pela primeira vez no início de maio, graças ao poderoso sistema antiaéreo norte-americano Patriot, entregue a Kiev em abril.

Durante o seu discurso perante o CoE, Zelensky congratulou-se com a criação de um registo de danos causados pela Rússia, iniciativa deste organismo que se espera que seja referendado pelos dirigentes presentes na cimeira.

Para o governante, esta iniciativa está mais próxima do estabelecimento "de um mecanismo de compensação que mostrará ao mundo que não vale a pena sequer pensar em agressão”.

Zelensky garantiu ainda que está “cem por cento certo" de que o resultado final dos esforços internacionais será a criação de um tribunal internacional perante o qual os responsáveis pela invasão russa serão responsabilizados.

"Tornaremos a defesa contra o terror tão forte quanto possível"

Esta noite, Zelensky agradeceu ao Ocidente o envio de sistemas de defesa que ajudaram a Ucrânia a defender os céus do país contra os mísseis russos. 

No seu vídeo diário, o presidente ucraniano diz que foi o "tempo, energia, argumentos, reuniões e trabalho de informação" que permitiram construir tal sistema de defesa aérea" que permitiu abater os 18 mísseis russos.

"Antes de mais, quero agradecer a todos os defensores dos nossos céus. Obrigado, heróis! Dezoito dos dezoito mísseis foram abatidos. É por isso que estamos constantemente a trabalhar em visitas que trarão mais oportunidades, mais sistemas Patriot, IRIS-T, Crotale, Hawk e NASAMS. Agradeço, uma e outra vez, a todos os nossos parceiros no mundo que ajudaram o nosso país com os sistemas de defesa aérea adequados! Também não podemos esquecer o esforço que é necessário para obter essas armas para a Ucrânia. Quanto tempo, energia, argumentos, reuniões e trabalho de informação nos permitiram construir um tal sistema de defesa aérea. É um trabalho tremendo... E agradeço a todos os que estão envolvidos! A todos os níveis! Dia após dia, mês após mês, a nossa equipa tem trabalhado para garantir a protecção do céu. Costumávamos ouvir dizer que os Patriots eram supostamente irrealistas... E agora aqui estão eles, os Patriots. E não é só isso que vamos proporcionar à Ucrânia! Juntamente com os parceiros da Ucrânia, tornaremos a defesa contra o terror tão forte quanto possível", afirma Zelensky.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa – justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 447.º dia, 8.836 civis mortos e 14.985 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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