Volodymyr Zelensky revelou que os aliados ocidentais já fizeram saber que deixam de ajudar a Ucrânia na luta contra a invasão de Moscovo caso Kiev transfira as hostilidades para território russo. "Penso que se trata de um grande risco e que seremos definitivamente deixados sozinhos", afirmou em entrevista aos meios de comunicação social locais, citada pela CNN Internacional, quando questionado sobre se seria altura de deslocar as hostilidades para solo russo.
“Se eu enviasse as minhas tropas e decidisse ir para território russo, está claro que estes Estados [aliados] não estariam do meu lado.” O chefe de Estado ucraniano também enfatiza que a sua “prioridade número um” é “terminar a guerra com uma vitória”. “Uma vitória é diferente para cada um. Para mim, como Presidente, gostaria que fosse uma vitória que implicasse a impossibilidade de um regresso à guerra”, afirmou.
"Gostaria de uma vitória assim. Não é fácil. Há uma componente que não depende apenas do poder do exército mas da segurança das infraestruturas e da sociedade", diz. A este propósito, Zelensky acrescenta que os parceiros internacionais fazem parte de qualquer vitória, de qualquer interrupção da contraofensiva, de quaisquer acções defensivas e de qualquer fraqueza.
"Não estou agarrado a nada"
Volodymyr Zelensky afirma também que pode ser possível realizar eleições na Ucrânia no próximo ano, mas que o país necessitará de apoio financeiro para uma ação tão complexa em tempo de guerra - e recordou que os Estados Unidos realizaram eleições durante a II Guerra Mundial. "Estamos a defender a democracia e a nossa terra. É por isso que as pessoas estão a falar [de eleições]. Existe um processo político. Não pode ser proibido", afirmou Zelensky, que se mostrou com vontade de pedir aos membros do Parlamento para alterar o código eleitoral - "caso estejam prontos" - para realizar eleições o mais rapidamente possível, uma vez que no atual estado de lei marcial na Ucrânia as eleições não são possíveis.
O chefe de Estado ucraniano garantiu que não iria aceitar dinheiro destinado a armas para a realização de eleições e esperava que os EUA e a Europa prestassem apoio financeiro exclusivo para a realização das eleições. Diz que, para que o sufrágio se realize, o país vai precisar de "vigilantes para a linha da frente". "Temos de trazer vigilantes para a linha da frente para que possamos ter eleições legais e legítimas para todo o mundo", afirmou, lembrando ainda que é necessário garantir que os milhões de ucranianos que vivem noutros países europeus possam votar.
Para o presidente da Ucrânia, todos os ucranianos devem ter a oportunidade de votar, até porque o país precisa "que seja uma escolha da sociedade para não dividir o povo e para que os militares possam votar". "Eles estão a defender a democracia hoje e não é justo não lhes dar esta oportunidade por causa da guerra. Foi só por isso que me opus às eleições. Não quero que as autoridades sejam vistas como as que se estão a agarrar (ao poder). Não estou a agarrar-me a nada. Gostaria de realizar eleições. Gostaria de o fazer no prazo de um ano."