Graça Isabel dos Santos Pires
Helena Isabel
Graça, acima de tudo discreta, conta muitas vezes que se cruzou com Ana pela primeira vez junto da porta dos artistas do Teatro Nacional, em Lisboa. Viu-a nos cartazes em fotografia e depois ali, em pé, junto a si. Impressionada com o seu porte, sensação partilhada por Ana em relação a Graça, esta última emprestou um saco para que, chovendo, Ana não molhasse o cabelo esticado. Começou aí uma relação profissional e pessoal de várias décadas. Graça criou a sua família mas também se dedicou à de Ana como se fosse sua.
Viúva de Pires, o único homem de quem gostou, dá graças a Deus por lhe ter deixado os melhores presentes do mundo: Raul e Rómulo, os seus filhos gémeos. Graça sonha com o dia em que os rapazes encontrem a respetiva cara-metade… mas não facilita: um casamento é para toda a vida, ainda que curta, como a de Pires, engasgado com um osso de cabidela. Graça pede muitas vezes a Deus que lhe guarde o juízo até ao seu último dia. Traz consigo um segredo que, em circunstância alguma, quer revelar.