Luísa Barrigoto
Isabel Figueira
Luísa, também natural da mesma aldeia de Vicente, apaixonou-se por ele muito cedo e o casamento entre ambos aconteceu de forma natural. Ela já lhe conhecia a apetência pelo álcool mas quis acreditar que quando estivessem juntos, numa relação satisfatória, as coisas poderiam melhorar. Mas, como é sabido, isso raramente acontece e Luísa começou a ser vítima de violência doméstica praticamente desde o primeiro dia do casamento.
Envergonhada e sentindo-se culpabilizada pela infelicidade do casamento, Luísa levou alguns anos até conseguir fazer queixa de Vicente. Fugiu com o filho, esteve numa casa abrigo até ele ser condenado e proibido de se aproximar dela e do filho e, só aí, regressou à sua terra. Não lhe perdeu o medo, mas tem seguido a sua vida normalmente porque nunca se afasta do aparelho de teleassistência que pode acionar sempre que sentir o marido por perto.
Sendo o estabelecimento dos correios numa via bastante central da aldeia, Luísa sabe tudo o que se passa nas redondezas e será ela que ajudará Augusto a refazer os últimos passos e os três últimos anos de vida de Marina – com Gonçalo.