Quero é viver

Maria Rosa Lobo Furtado

Rita Pereira

Infeliz, Maria é a terceira filha do casal Rosa Lobo. Cresceu encantada com o casamento dos pais e determinada a imitar aquele modelo. Esperou pouco pelo seu príncipe, José Luís, um jovem oficial da Marinha Portuguesa com quem esbarrou na entrada do cinema, onde a esperaria uma matinée de um filme romântico. Crente em sinais do destino, aceitou aquele percalço como um envio do homem dos seus sonhos e depressa se apaixonou. O casamento foi como manda a lei, o casamento duma princesinha. Os colegas de José Luís com farda de gala da Marinha e espadas em riste à porta da igreja a abrir alas. Foi assim que tudo aconteceu e, na opinião de Maria, aconteceu… bem. Têm um casamento que Maria vê como perfeito, com dois filhos adolescentes e felizes. Dona de casa, Maria gosta de beber um ou dois copos, principalmente para se esquecer que o seu casamento só é perfeito na fotografia, porque José Luís gosta é de se refugiar no trabalho e há muito não a olha como mulher. Os sinais do destino, neste caso, não são nada promissores.