Matilde Breyner foi a convidada do poscast «Um Género de Conversa», da Rádio Comercial, e esteve à conversa com Patrícia Reis e Paula Cosme Pinto sobre o «Trauma, a Culpa, o Luto, a Esperança e o Amor».
A atriz falou sobre a perda gestacional (da filha Zoe, aos 6 meses): «No nascimento da Zoe, que nasceu sem vida, aquilo foi um bocadinho... Um astronauta quando chega ao espaço não há som, fica oco e eu senti-me um bocado um astronauta no espaço. Eu sei que as pessoas continuavam a falar à minha volta, os enfermeiros que estavam na sala comigo, mas eu não ouvi ninguém. Eu vi um bebé a nascer, que não chora e para mim houve um silêncio imediato. As pessoas falavam mas eu só via a boca delas a mexer».
Sem rodeios, falou sobre o susto que apanhou no nascimento da segunda filha, Mia: «O que mais queria viver nesta segunda gravidez era «uau, eu vou ter um bebé, que vai sair dentro de mim, vai chorar e eu vou saber o que isso é! Ela nasceu e eu via, outra vez, toda a gente a falar só a mexer a boca e silêncio. E uma coisa, é um silêncio durante 3 segundos (parece uma eternidade), outra coisa são 7 minutos que são anos. Eu sentia-me, outra vez no espaço, mas eu tinha a certeza absoluta que não me ia acontecer outra vez, eu não vos sei explicar. Havia uma uma força dentro de mim, uma energia qualquer que me estava a levantar dali... Conseguiram-na pôr a respirar com a ajuda da máquina e depois puseram-na em cima de mim e ela em silêncio, muito roxa, assim a olhar para mim... Eu disse-lhe: "Mia, a mãe está aqui" e ela desatou num pranto, que nunca mais se calou».
Matilde Breyner falou, ainda, sobre a necessidade de dizer precocemente às pessoas mais importantes que está grávida para, caso alguma coisa não corra bem, ter apoio: «É preciso falar. Há muitas mulheres a passar a por isto em silêncio. Porquê?».