“Estes desafios podem ter consequências graves e reais”, afirmou o procurador distrital do condado de Northampton, Stephen Baratta, após os incidentes ocorridos na Pensilvânia. Dois adolescentes foram acusados depois de um jovem de 17 anos ter morrido e outro, de 20, ter ficado com lesões cerebrais permanentes, descritas como “catastróficas”, na sequência de tendências perigosas associadas ao TikTok.
Numa conferência de imprensa realizada na terça-feira, 22 de setembro, Baratta anunciou que o condado registou “duas investigações criminais relacionadas com o uso perigoso e imprudente de um automóvel para criar o que são conhecidos como desafios acrobáticos”.
“É importante que o público compreenda que estes desafios podem ter consequências graves e reais, criando riscos significativos não só para os participantes, mas também, por vezes, para os transeuntes”, sublinhou o procurador.
De acordo com Baratta, foi apresentada uma acusação de homicídio involuntário contra um condutor de 17 anos, no âmbito de um desafio realizado na madrugada de 1 de junho, no parque de estacionamento da Freedom High School. O jovem é acusado de ter usado uma corda para amarrar uma mesa dobrável, virada ao contrário, à traseira do seu automóvel, puxando-a pelo estacionamento enquanto um amigo, também de 17 anos, se sentava em cima da mesa.
O condutor terá “conduzido de forma imprudente e a grande velocidade, de tal modo que projetou o jovem que estava em cima da mesa contra outro veículo estacionado”, provocando a sua morte.
Num outro caso, em março, uma jovem de 19 anos terá conduzido o carro enquanto uma amiga, de 20, se encontrava em cima da bagageira. “Este desafio consistia em uma amiga fazer ‘surf’ na traseira de um veículo em movimento, que circulava pelo parque de estacionamento do park-and-ride, na William Penn Highway”, explicou Baratta. “Infelizmente, a jovem foi projetada do carro em andamento e sofreu lesões cerebrais catastróficas e permanentes.”
A condutora de 19 anos enfrenta agora várias acusações, incluindo agressão agravada, agressão agravada com veículo, condução descuidada e permitir que pessoas circulem penduradas no automóvel.
Baratta acrescentou que, apesar de as investigações em ambos os casos se manterem em aberto, foi determinado que nenhum dos condutores apresentava “pensamento criminoso”.
“Ou seja, não planeavam ferir as vítimas”, disse o procurador. “No entanto, em ambos os incidentes, a conduta destes condutores foi tão gravemente negligente e imprudente que constitui um estado de espírito criminoso e culpável.” Sublinhou ainda que os pais das vítimas compreenderam que os filhos “aceitaram participar” nos chamados “desafios do TikTok”.
Contudo, os familiares manifestaram-se “preocupados que, se não fossem apresentadas acusações, apenas as vítimas pagariam o preço máximo pelas lesões sofridas, e não os condutores que efetivamente as causaram”, explicou Baratta.
“Prometi a estas famílias que, em troca da admissão por parte dos condutores de que praticaram este comportamento criminalmente imprudente, haveria responsabilidade pública e que, após o cumprimento bem-sucedido de um período de supervisão, estes arguidos terão a oportunidade de pedir que as suas acusações criminais sejam apagadas do registo”, acrescentou.
O procurador notou ainda que ambos os condutores são réus primários e que não prevê que o caso avance para julgamento. Nem os jovens condutores, nem as vítimas foram identificados oficialmente, mas David Nagy, de 17 anos, foi reconhecido como a vítima mortal do desafio conhecido como table surfing, segundo a Fox News.
Um porta-voz do TikTok disse à ABC News que conteúdos que “promovem comportamentos perigosos que possam levar a ferimentos graves” serão removidos da plataforma.
“Para desencorajar a publicação ou repetição desse tipo de conteúdos, redirecionamos pesquisas relacionadas, como ‘table surfing’, para a nossa página de apoio sobre desafios online”, afirmou o porta-voz.
De acordo com a mesma fonte, entre janeiro e março, “99,8% dos vídeos removidos por violarem a política do TikTok sobre atividades e desafios perigosos foram retirados de forma proativa, sendo que 92,4% não chegaram sequer a ter visualizações.”
A revista People contactou o gabinete do procurador do condado de Northampton e o TikTok para obter comentários adicionais.
