Menino de 2 anos desaparecido há semanas: pai suspeito de o ter atirado ao rio
Após anos sem qualquer sinal de vida, o apartamento permaneceu fechado e aparentemente esquecido. Os vizinhos, embora intrigados com o silêncio, nunca tomaram a iniciativa de averiguar o que se passava. Hedviga terá, em tempos, confidenciado a um residente que tencionava emigrar — uma informação que, ao que tudo indica, levou a que a sua prolongada ausência não suscitasse alarme.
Foi apenas em 2008 que, movidos pela inquietação e pelo desconforto de décadas de incerteza, os moradores decidiram agir. Ao arrombarem a porta, depararam-se com um cenário quase irreal: Hedviga jazia na cama, como se tivesse simplesmente adormecido. Ao seu lado, uma chávena de chá. A televisão continuava ligada — possivelmente no mesmo canal desde o início dos anos 70.
A polícia croata estima que a morte terá ocorrido por volta de 1973, embora existam indícios de que possa ter acontecido ainda antes, talvez em 1966. Nunca foi apresentada qualquer queixa de desaparecimento. Nenhum familiar a procurou. Nenhuma pergunta foi feita.
A morte silenciosa e a solidão invisível
O Instituto de Medicina Legal da Croácia informou que, apesar do avançado estado de mumificação, tudo indica que a morte se deveu a causas naturais. Ainda assim, devido às condições do corpo, não foi possível determinar com certeza absoluta a causa do óbito.
Especialistas explicaram que o ambiente do apartamento — com janelas entreabertas, temperaturas amenas e níveis de humidade estáveis — terá favorecido a mumificação e atenuado os odores característicos da decomposição. Isso pode justificar o facto de ninguém ter suspeitado do que ali se passava.
Um alerta sobre o isolamento nas grandes cidades
O caso de Hedviga Golik permanece como um dos episódios mais insólitos e perturbadores alguma vez registados na Croácia. Mais do que um mistério resolvido tardiamente, a sua história é um espelho sombrio do isolamento nas grandes cidades — e da facilidade com que uma vida pode desaparecer sem deixar rasto.
É também um apelo à empatia, à atenção e ao cuidado com quem nos rodeia. Porque, por vezes, quem vive ao nosso lado pode estar a desaparecer lentamente — em silêncio, sem sinais, e sem que ninguém se aperceba.