Conheci o amor da minha vida num bar de strip: «Os meus amigos não entendiam» - V+ TVI1224

Conheci o amor da minha vida num bar de strip: «Os meus amigos não entendiam»

  • Redação V+ TVI
  • 30 set, 09:47

O que começou num bar de strip terminou numa vida a dois.

Todas as semanas, publicamos um conto ficcional sobre o amor, a partir de um caso real  

O meu nome é Bruno. Ela é a Flávia. Conhecemo-nos de uma forma pouco usual, mas que mudou completamente a minha vida. Eu ia à despedida de solteiro do meu amigo Artur, em Lisboa, num bar junto ao rio. Entre risos, copos e provocações típicas de uma festa masculina, acabámos num bar de strip. Foi aí que a vi pela primeira vez: a Flávia dançava no palco mal iluminado, uma força da natureza, intensa e defensiva, pronta para qualquer ataque, mas ao mesmo tempo elegante, delicada, hipnotizante. Cada gesto seu era um equilíbrio perfeito entre poder e vulnerabilidade, algo que me deixou imediatamente fascinado.

Depois, ela começou a andar pelas mesas, e foi nesse momento que a notei verdadeiramente: os lábios em beicinho, como se fosse uma menina mimada; o corpo suave, mas com presença; o sorriso que iluminava o espaço, revelando dentes perfeitos e retos, quase desafiadores. Sentei-me e comecei a falar com ela. A conversa era casual, descontraída, mas cinco minutos depois, já ela estava noutra mesa. E eu fiquei ali, preso àquele instante, sentindo algo que não sabia nomear, mas que me chamava com força.

Voltei para casa nessa noite e sonhei com ela. E no dia seguinte, aconteceu de novo. Era como se a imagem dela tivesse ficado gravada em mim, marcada por algo que ia além da atração física — era uma mistura de fascínio, admiração e uma estranha sensação de destino. No fim de semana seguinte, desafiei o Raposo e lá estávamos nós outra vez. Eu sentia-me estranho com tantas pessoas a olhar para ela, como se eu fosse invisível diante de algo que para todos os outros era apenas entretenimento. No final da noite, esperei por ela no bar e disse, meio tímido, meio sério: “Tenho sonhado contigo.” Ela riu-se, ignorando o peso da minha sinceridade, e seguiu o seu caminho.

Durante seis meses, voltei sempre ao bar. Aos poucos, deixei de ser apenas o estranho que aparecia de vez em quando. Ela já me reconhecia, já sorria ao ver-me, já me deixava aproximar. Uma noite, juntei coragem e pedi licença para a levar a casa. Recusou. Insisti, pedi outra vez, depois mais uma, e só ao fim de três meses é que aceitou. Levei-a de carro, deixei-a à porta e não tentei nada. Foi nesse silêncio contido, na ausência de pressa, que algo maior começou a nascer.

Sem pressa, fui sempre ao bar. Primeiro, em silêncio; depois, conversávamos sobre banalidades, sobre sonhos, sobre a vida. Soube dos seus medos, das dores que carregava, da força silenciosa que mantinha mesmo nos dias mais difíceis. Ouvi-a sem julgar, sem pressionar. Demorou um ano até lhe tocar na mão e dar-lhe um beijo leve. Tudo aconteceu em câmara lenta, com cuidado, com respeito. Cada gesto era calculado, mas genuíno. Cada avanço, mesmo pequeno, tinha o peso de uma história inteira a ser construída.

Percebi que o bar era apenas uma fachada, um meio de ganhar dinheiro. Percebi que ela estava perdida, à procura de algo que a ancorasse. E percebi que eu via nela um refúgio, uma terra firme num mar revolto. Namorámos assim durante três anos, invisíveis para os outros, visíveis apenas um para o outro. Cada riso escondido, cada toque contido, cada palavra trocada em segredo, tornava-se sagrado.

Os meus amigos, no início, não compreendiam. Gozavam, faziam piadas sobre a diferença de mundos, sobre a demora da aproximação, sobre a minha paciência. Alguns olhares e comentários disfarçavam preocupação; outros, crítica aberta. Lembro-me de ouvir coisas como: “Como consegues ter uma namorada que se despe todas as noites?” ou “Mas tu não te enojas? Ela dança para outros homens todos os dias!” Senti o desconforto crescer dentro de mim, uma tensão que me empurrava a decisões difíceis. Cortei relações com muitos que olhavam de lado, que não respeitavam a delicadeza daquilo que vivia, que não compreendiam a intensidade silenciosa da nossa história. Cada afastamento doía, mas era necessário. Precisava de proteger aquilo que estava a nascer, preservar a confiança que se consolidava em cada gesto, em cada silêncio partilhado.

Ao longo desses anos, aprendemos a ser cúmplices na paciência e no respeito. O nosso amor cresceu em território hostil, onde o mundo exterior parecia sempre pronto a julgar. Cada gesto, cada conversa, cada sorriso trocado era como plantar uma semente que, com o tempo, se transformaria em algo sólido. Descobri que o isolamento que impus ao resto do mundo não era uma perda, mas uma escolha — a escolha de garantir que o nosso amor sobrevivesse, florescesse, sem interferências, sem pressa.

Ao fim de três anos, disse-lhe: “Flávia, não dances mais.” Ela despediu-se do bar e partimos de Lisboa. Foi um momento mágico, carregado de emoção. Não era apenas uma mudança de endereço; era uma mudança de vida. Mantive o meu trabalho remoto em informática, mas o mundo parecia mais leve. Ela encontrou emprego num restaurante, mas havia uma liberdade nos olhos dela que nunca tinha visto. Pela primeira vez, não havia olhares curiosos, nem juízos de valor, nem pressões externas. Só nós. Só o nosso espaço. Só a nossa vida a crescer lado a lado.

Os dias passaram, e a felicidade solidificou-se em pequenas rotinas, em partilhas simples, na cumplicidade de quem escolheu estar ao lado de alguém sem pressa, sem pressões. Ríamos juntos, brigávamos de leve, descansávamos em silêncio, e cada gesto do outro tinha o peso de anos de espera e paciência. Finalmente, éramos nós, sem máscaras, sem julgamentos. Somos felizes. Somos livres.

Este conteúdo contou com a participação de inteligência artificial na sua elaboração.

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