O meu noivo ficou paraplégico na despedida de solteiro: «Chorei até me doer o corpo» - V+ TVI1224

O meu noivo ficou paraplégico na despedida de solteiro: «Chorei até me doer o corpo»

  • Redação V+ TVI
  • 10 out, 09:35

Depois deste dia nunca mais foi a mesma coisa.

Todas as semanas, publicamos um conto ficcional sobre o amor, a partir de um caso real  

Eu e o Baltazar éramos o casal perfeito. Tínhamos uma vida boa, simples e cheia de planos. Conhecemo-nos na adolescência e começámos a namorar logo no liceu. Ele era lindo — alto, de cabelo claro, olhos verdes, e aquele sorriso tranquilo que parecia resolver o mundo. Era generoso, bom amigo, ponderado, racional. Toda a gente gostava dele.

Eu era, como ele dizia, “a miúda gira do grupo”. Cara redonda, lavada, com sardas no nariz. Tocava piano, estudava arquitetura e tinha o hábito de sonhar acordada. Desde miúdos passávamos férias nas mesmas praias, e há dezenas de fotografias nossas — ainda adolescentes, com os pés enterrados na areia e o sol a arder nas costas.

A minha vida sempre foi o Baltazar. E a vida dele sempre fui eu.

O pedido de casamento foi como num filme antigo. Tradicional, bonito, cheio de emoção. Ele pediu a minha mão ao meu pai e eu chorei tanto que nem consegui responder. Tivemos um jantar de noivado com as duas famílias, uma mesa comprida, risos, brindes, promessas. O meu pai, que é um homem discreto, estava visivelmente emocionado. Sou a única filha, e ele sempre teve pelo Baltazar um carinho imenso — “um rapaz como deve ser”, dizia.

Mandei fazer o vestido: simples, com mangas em balão e renda antiga. O véu era o da minha mãe. Quando o experimentei, não me senti nervosa, apenas feliz — de uma felicidade limpa, sem pressa, como quem acredita que nada pode correr mal.

As minhas amigas organizaram a despedida de solteira em Florença. Foi perfeita. Jantámos num restaurante pequeno com vista para o Arno, pedimos desejos na Ponte Vecchio, visitámos museus, comemos massa, bebemos vinho tinto, rimo-nos até tarde. Eu só pensava que a vida era boa demais — quase um sonho.

A despedida de solteiro do Baltazar ficou para a última hora. Os amigos atrasaram-se a marcar e acabou por acontecer apenas uma semana antes do casamento. Fizeram um fim de semana numa herdade alentejana, conheciam-se todos desde o liceu, um grupo unido, o grupo de sempre. Ele mandou-me mensagem antes de sair: “Vai ser só parvoíces de homens. Prometo portar-me bem. Amo-te.” Eu ri-me. Confiava nele cegamente.

Na madrugada de sábado, o telefone tocou. O nome do Zé Maria, o melhor amigo do Baltazar, apareceu no ecrã.

“Matilde”, disse ele, com a voz embargada. “Houve um acidente. O Baltazar está no hospital.”

O resto é uma névoa. Lembro-me do meu pai ao meu lado, da viagem interminável até ao Alentejo, da sensação de não conseguir respirar. Ninguém nos dizia nada concreto. Apenas olhares, murmúrios, promessas vazias de que estavam a fazer tudo. Amigos, família, estávamos todos lá para ele, de mãos dadas, a sofrer juntos.

Quando finalmente o vi, o meu coração parou. Estava cheio de tubos, pálido, imóvel. Segurei-lhe a mão e sussurrei: “Baltazar, meu amor, estou aqui. Estou contigo.”

Ele acordou do coma dias depois. Abriu os olhos devagar, como se voltasse de um lugar muito distante. As semanas seguintes foram uma sucessão de exames, diagnósticos, esperas, preces. Todos queriam acreditar num milagre. Mas o milagre não veio.

Soube a verdade no dia em que devíamos casar. Ele estava paraplégico. Não voltaria a andar.

Chorei até me doer o corpo. Perguntei a Deus o que tinha feito de errado, porque é que a vida tinha decidido arrancar-nos o futuro que tínhamos desenhado com tanto amor. Mas depois olhei para ele, deitado, com o olhar mais doce e sereno do mundo, e percebi: o amor é maior que tudo isso e mede-se pela força de quem fica.

Falei com o padre. Disse-lhe que não queria cancelar nada, apenas adiar. “O que prometi, mantenho”, disse-lhe. “Guarde o nosso dia. E para o ano lá estaremos a celebrar o amor”.

Casámo-nos no verão seguinte. Um casamento diferente, mas profundamente verdadeiro. Ele esperava-me no altar, de fato escuro, com um sorriso tímido e os olhos cheios de lágrimas. Eu entrei com o véu da minha mãe e as mãos trémulas. Quando disse “sim”, percebi que não estava apenas a casar com o Baltazar — estava a casar com o destino, com a coragem, com o amor na sua forma mais pura

Eu e o Baltazar éramos o casal perfeito. E ainda somos. Agora, mais do que nunca.

Este conteúdo contou com a participação de inteligência artificial na sua elaboração.

Veja também: 

Eu e o meu marido casámos virgens aos 31 anos: "As mãos tremiam, o coração batia depressa, cada toque era uma revelação" - V+ TVI

Aos 64 anos tenho vários namorados: "não há culpa, nem vergonha" - V+ TVI

Relacionados

Confissões

Mais Confissões