Tenho 32 anos e o meu namorado é 10 anos mais novo: «Toda a gente está contra» - V+ TVI1224

Tenho 32 anos e o meu namorado é 10 anos mais novo: «Toda a gente está contra»

  • Redação V+ TVI
  • 6 out, 09:30

Vivo um amor improvável — e intenso.

Todas as semanas, publicamos um conto ficcional sobre o amor, a partir de um caso real  

Sou a Caetana, e o meu namorado é o Frederico. Ele é incrível. Usa óculos que lhe dão um ar aprumado e sério, mas por baixo disso há um verdadeiro furacão de vontade e energia. Licenciou-se em Marketing e, aos vinte e dois anos, já gere a própria pequena agência de influenciadores. Trabalha imenso, vive sempre cheio de ideias, mas nunca se esquece de mim. Leva-me a jantar, faz surpresas, manda mensagens durante o dia só para saber se estou bem.


Conhecemo-nos de forma curiosa. Eu era uma pequena influenciadora, ainda a tentar perceber o meu espaço no mundo digital, e ele quis me agenciar. Começámos por trabalhar juntos, e logo percebi que havia algo nele que não se podia ignorar: a intensidade, a paixão pelo que faz, a forma como se entrega a tudo sem me deixar de lado. Aos poucos, aquela admiração profissional transformou-se em algo muito maior. Apaixonámo-nos. E foi assim, sem planos, sem pressas — simplesmente aconteceu.
Lembro-me de um dia no escritório, enquanto discutíamos uma campanha:
— “Não quero que apenas se vejam os números. Quero que se sinta a história,” disse ele, olhando-me com aqueles olhos atentos por trás dos óculos.


E naquele momento percebi que ele via o mundo de uma forma diferente — e eu queria fazer parte disso.
A primeira vez que percebi que havia algo mais do que profissionalidade foi numa reunião improvisada, num café perto do escritório. Ele trouxe o computador, nós rimos enquanto discutíamos métricas, e em determinado momento ele olhou para mim e disse, com aquela confiança que me deixa sempre sem fôlego:
— “Caetana, tu tens uma visão que a maioria não tem. Eu quero fazer isto contigo.”
E eu senti algo que não sabia nomear ainda: uma mistura de admiração, ternura e… desejo de estar perto dele. No outro dia, disse-lhe que nunca tinha ido a Paris. Três dias depois, estávamos diante da Mona Lisa, de mãos dadas, e eu percebi que ele cumpre gestos, mesmo sem promessas. Sorri, emocionada, e ele sussurrou:
— “Agora já podes dizer que estiveste em Paris… mas comigo, é claro.”
Cada surpresa dele é medida, pensada, mas parece espontânea. Uma vez levou-me a um concerto de jazz sem me avisar; outra vez encontrou uma pequena livraria antiga, cheia de livros que eu adorava, e disse:
— “Achei que devíamos passar aqui. Só nós dois.”
São momentos pequenos, mas são eles que constroem o que temos.
Ele tem aquele talento de transformar coisas simples em experiências inesquecíveis. Uma vez, numa sexta-feira chuvosa, chegou ao meu apartamento com uma mala pequena e um bilhete:
— “Fechamos tudo e vamos passar o fim de semana fora. Confia em mim.”


Não perguntei nada. Apenas fui. E ele tinha preparado cada detalhe: hotel pequenino no centro, jantar à luz de velas, e passeios improvisados que tornaram cada rua e cada café especial. Com ele, tudo é intensidade e cuidado ao mesmo tempo.
Somos felizes. Admiramo-nos profundamente. Mas há um problema — ou melhor, algo que para nós não é, mas para os outros parece ser: o Frederico é dez anos mais novo do que eu.
Eu tenho trinta e dois anos. Ele, vinte e dois.
As pessoas falam. Sempre falam.


Os amigos dele reagiram de forma quase automática, com aquele riso que mistura incredulidade e escárnio:
— “Vocês? A Caetana? Mas ele nem tem idade para…”
— “Vocês vão durar quanto tempo?”
Alguns riram, outros apenas fizeram caretas, e eu senti um misto de irritação e pena. Eles não conseguem ver que há algo mais profundo do que a diferença de idades; não conseguem perceber que ele não é só um miúdo a divertir-se, mas alguém que me faz sentir inteira.
Os meus amigos também não ficaram calados. Numa noite de copos, num grupo de conversa que começou leve, uma amiga disse:

— “Ele é demasiado jovem, Caetana. Não tens nada em comum com ele. E família? Estabilidade?”
Eu respirei fundo, tentando não me irritar. Contei até três e apenas respondi:
— “Talvez não vejam agora, mas a felicidade não tem idade.”
Alguns riram, outros franziram a testa, mas ninguém disse mais nada.
Os meus pais estão contra — acham que perdi a cabeça, que ele só se quer aproveitar de mim. A minha mãe olha para mim com aquela expressão de preocupação que me corta por dentro:
— “Filha, ele é um rapaz. Ele não pode dar-te o que precisas para o futuro.”
E eu tento explicar, mas sei que não há argumentos para quem não quer ver o que há de verdadeiro.
A mãe dele também não aprova, discreta e fria. Mas o pai dele? Ele é o único que parece compreender-nos. Até nos levou a almoçar, curioso, simpático, quase cúmplice, e disse apenas:
— “Se forem felizes, o resto é conversa.”


No meio de tudo isso, seguimos. Vivemos à nossa maneira, entre olhares, comentários e julgamentos.
Ele é maduro, responsável, atento — mais do que muitos homens que já conheci.
E eu, ao lado dele, sinto-me viva, leve, inteira. Com ele, sinto que sou a miúda, cheia de dúvidas e medos. E ele é o meu guia, experiente, firme, que me segura sem me sufocar.
Como um guia experiente da vida, o Frederico percorre os caminhos comigo, apontando trilhas, mostrando atalhos, ajudando-me a atravessar as incertezas sem jamais perder a paciência ou o sorriso. Às vezes tropeço, hesito, mas ele está sempre ali, ao lado, lembrando-me que não há pressa, que cada passo tem o seu valor.


Há dias em que me provoca, com um sorriso travesso, enquanto trabalha:
— “Vens jantar comigo ou vais desaparecer no Instagram outra vez?”
E eu rio, porque é impossível resistir à sua energia.
Às vezes, sentada no sofá, observando-o a trabalhar no portátil, sinto um misto de orgulho e ternura. Ele fala comigo sobre novos projetos, ideias malucas, campanhas que parecem impossíveis, e eu percebo que o mundo dele é gigante — e que ele escolheu, entre tantas coisas, que eu faça parte dele.
Certa vez, estávamos numa reunião de trabalho, e ele me apresentou a uma nova cliente:
— “Ela é a Caetana. Não é só talentosa, é a razão pela qual toda a campanha vai funcionar.”
A cliente sorriu, surpresa, e eu senti um orgulho que me aqueceu por dentro. Ele sempre me eleva, mesmo quando ninguém mais acredita.


Às vezes, o medo bate: e se eles tiverem razão? E se isto for só uma fase?
Mas depois lembro-me do Frederico, do seu sorriso confiante, do jeito que tem de me ouvir, da energia com que vive, e percebo que há coisas que simplesmente valem o risco.
Um dia, depois de um jantar em casa, sentei-me ao lado dele e disse, hesitante:
— “Às vezes sinto que toda a gente está contra nós.”
Ele segurou a minha mão e respondeu, calmamente:
— “Então deixa-os estar. Nós sabemos o que sentimos, e isso basta.”
O amor, quando é verdadeiro, não se mede em anos.
Mede-se em gestos, em presença, em coragem.
E nós temos tudo isso. Por isso, por mais que o mundo torça o nariz, eu escolho continuar. Com ele.
Com o Frederico.Com o amor que desafia o tempo e que, por agora, é tudo o que preciso.

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