Christina Lackmann, de 32 anos, morreu sozinha na casa de banho do seu apartamento, em Melbourne, na Austrália, depois de ter chamado uma ambulância por se sentir mal. O que seria uma situação potencialmente tratável acabou em tragédia — a ajuda demorou sete horas a chegar.
A jovem estudante de ciências biomédicas ligou para os serviços de emergência a 14 de abril de 2021, por volta das 19h49, a relatar sintomas de tonturas e dormência em todo o corpo. O caso foi classificado como “não urgente”, sendo encaminhado para um serviço de triagem de Ambulância Victoria, onde paramédicos ou enfermeiros avaliam situações de menor gravidade.
Contudo, não havia profissionais disponíveis naquele momento. Um técnico de triagem tentou ligar-lhe de volta cerca de 26 minutos depois, mas Christina não atendeu. Ao todo, foram feitas 14 tentativas de contacto, incluindo mensagens, sem sucesso.
Durante a noite, Christina foi atribuída duas vezes a equipas de paramédicos, mas ambas foram redirecionadas para emergências consideradas mais graves.
A ambulância só chegou às 2h23 da madrugada, quase sete horas após o primeiro pedido de ajuda. Vizinhos ajudaram os paramédicos a entrar no apartamento, subindo até à varanda. Já era tarde demais. Christina foi encontrada sem vida na casa de banho, com o seu cão ainda a ladrar ao lado do corpo.
Segundo o inquérito da médica legista Catherine Fitzgerald, Christina poderia ter sobrevivido se tivesse sido avaliada atempadamente. A especialista lamentou ainda que o caso não tenha sido encaminhado de imediato para um profissional de saúde, o que teria sido o procedimento mais adequado.
Mais tarde, descobriu-se que tinha sido entregue um pacote de comprimidos de cafeína no dia em que Christina ligou para o 000 (equivalente ao 112 em Portugal). Os exames revelaram níveis extremamente elevados de cafeína no sangue e no estômago da vítima.
De acordo com o professor associado Narendra Gunja, se Christina tivesse mencionado a ingestão de cafeína na chamada inicial, poderia ter recebido tratamento específico, incluindo antídotos e hemodiálise, o que aumentaria substancialmente as hipóteses de sobrevivência — mesmo em casos de overdose grave.
O relatório, porém, indica que não foi possível determinar ao certo a hora em que a cafeína foi consumida, dificultando a análise precisa sobre até que ponto a morte poderia ter sido evitada.
A Ambulância Victoria e a polícia do estado foram contactadas, mas ainda não comentaram o caso.