Congelar e reaquecer o pão antes de o consumir pode parecer apenas uma estratégia para evitar o desperdício alimentar, mas, segundo a gastroenterologista Karen Alarcón, trata-se de um verdadeiro truque de saúde. De acordo com a especialista, este hábito aparentemente simples pode transformar o pão num alimento até 10 vezes mais saudável, ao beneficiar diretamente a saúde intestinal e o controlo glicémico.
Congelar o pão: uma tendência que traz benefícios reais
Congelar alimentos é uma prática comum nas cozinhas portuguesas, sobretudo para conservar produtos por mais tempo e facilitar o dia-a-dia. No entanto, o congelamento do pão ganhou nova notoriedade nas redes sociais, não apenas como solução prática, mas também como forma de melhorar a qualidade nutricional do pão.
Karen Alarcón, médica gastroenterologista, tem vindo a destacar nas suas redes sociais que congelar e depois reaquecer o pão promove uma alteração significativa na composição dos hidratos de carbono. Segundo ela, este processo transforma parte do amido presente no pão em amido resistente, que atua como fibra prebiótica.
O que é o amido resistente e por que faz bem?
O amido resistente não é digerido no intestino delgado, passando intacto para o intestino grosso, onde serve de alimento para as bactérias benéficas da microbiota intestinal. Isso contribui para uma melhor digestão, redução de desconfortos abdominais como gases e inchaço, além de ajudar a regular os níveis de glicose no sangue, prevenindo picos de insulina.
A especialista afirma ainda que, ao ser reaquecido, o pão “é melhor digerido” e oferece um efeito mais estável no metabolismo. Isto torna-se particularmente relevante para pessoas com resistência à insulina ou que procuram uma alimentação com baixo índice glicémico.
A ciência confirma o benefício?
Um estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition, em 2008, analisou precisamente este fenómeno. Os investigadores descobriram que o pão previamente congelado e tostado provocava um menor pico glicémico após o consumo, comparativamente ao pão fresco. Embora os resultados sejam promissores, os próprios autores destacam que são necessárias mais investigações para compreender a fundo as variações deste efeito conforme os tipos de pão e perfis metabólicos dos consumidores.
Como congelar o pão correctamente?
Para tirar partido deste benefício, é essencial congelar o pão da forma adequada. Aqui ficam algumas dicas:
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Congele o pão assim que possível, idealmente no dia da compra.
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Utilize sacos herméticos ou plástico filme bem selado, para evitar a absorção de odores do congelador.
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Coloque uma etiqueta com a data de congelação, e consuma o pão num prazo de até 3 meses.
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Para descongelar, deixe o pão à temperatura ambiente, coberto com um pano para preservar a textura.
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Reaqueça numa torradeira ou frigideira, evitando o micro-ondas, para manter a crocância e os benefícios do amido resistente.
Prefira sempre pães de fermentação natural
Embora o truque funcione com qualquer tipo de pão, a especialista recomenda optar por pães de fermentação natural, pois estes têm menor índice glicémico, melhor digestibilidade e contêm microrganismos benéficos para o intestino.
Conclusão:
Congelar o pão e reaquecê-lo antes de consumir é mais do que uma dica prática — é uma estratégia validada por especialistas e sustentada por estudos que pode melhorar significativamente o impacto do pão na sua saúde. Se ainda não experimentou este truque, talvez esteja na hora de dar uma nova vida (e função) ao seu congelador.
Veja cinco receitas de pão deliciosas e fáceis de fazer, na galeria em cima.
