“A liberdade tem limites”: Sandra Felgueiras comenta polémica entre os Anjos e Joana Marques - V+ TVI1224
Fotos retiradas do Instagram de Sandra Felgueiras

“A liberdade tem limites”: Sandra Felgueiras comenta polémica entre os Anjos e Joana Marques

  • Carina Oliveira
  • 23 jun, 13:30

A jornalista usou as redes sociais para manifestar a sua opinião

Sandra Felgueiras, jornalista da TVI e CNN Portugal, decidiu partilhar a sua visão sobre a controvérsia que envolve os irmãos Anjos e a humorista Joana Marques, num caso que tem alimentado debates acesos nas redes sociais e nos meios de comunicação.

No Instagram, Sandra publicou um texto com o título “Descubra as semelhanças entre o ódio português e o ódio no mundo”, aproveitando a atualidade do processo judicial que opõe a dupla musical à criadora do podcast “Extremamente Desagradável”, para refletir sobre os limites da liberdade de expressão e o impacto das palavras.

“Vivemos numa democracia e a liberdade é, sem dúvida, o seu maior legado”, começou por sublinhar. No entanto, alertou: “Essa liberdade tem fronteiras — e termina quando começa o ódio. Quando palavras carregadas de hostilidade têm o potencial de se transformar em atos de violência, estamos a entrar num terreno perigoso.”

A jornalista foi mais longe, traçando paralelismos com o panorama geopolítico atual: “É este ódio que pode escalar até ao terrorismo. É esta ausência de limites e de humanidade que dá origem a guerras como a que agora envolve os Estados Unidos no conflito entre Israel e o Irão, um regime liderado por ayatollahs que não foram eleitos e que proclamam há décadas a destruição de outros povos. Essa retórica, tal como o discurso dos neo-nazis, é movida por ódio — puro e sem filtros.”

Num tom crítico, Sandra também abordou a forma como o humor é frequentemente protegido sob o manto da liberdade criativa. “Fica sempre bem defender o humor como uma arte inviolável. Diz-se que censurá-lo é atentar contra a liberdade. Mas é fácil pensar assim... quando o alvo não somos nós.”

E questiona: “Se uma criança na escola dissesse as mesmas coisas que uma humorista adulta, chamaríamos bullying. Então por que se relativiza quando os alvos são figuras públicas como os Anjos? Porque ‘se puseram a jeito’? Porque são famosos? Isso justificaria o escárnio?”

Sandra Felgueiras argumenta que normalizar esse tipo de discurso, mesmo disfarçado de piada, pode ser perigoso. “Não, Joana Marques não cometeu um crime. E sim, os Anjos foram alvo de escárnio público. Mas e se o alvo fosse uma mulher vítima de violação e alguém dissesse: ‘Ela estava de mini-saia, pôs-se a jeito’? Todos nos indignaríamos. Os contextos são diferentes, claro, mas a raiz é comum: chama-se ódio.”

Para a jornalista, o humor não deve ser confundido com provocação gratuita: “O jornalismo — e o humor, se quiser ser construtivo — deve procurar informar, refletir, criar valor. Não alimentar-se do erro alheio para o rebaixar.”

E conclui com um apelo à responsabilidade: “Nem todos os humoristas seguem este caminho. A maioria sabe que as palavras não são inofensivas. Elas têm peso. E podem, sim, transformar-se em ação.”

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