No «Goucha», a convidada recorda uma dura história de vida.
Fernanda Mendes nasceu “Fernando”. Sempre soube que era mulher, mas o pai não a permitiu sê-lo. Nasceu intersexuada e foi registada como menino. Foi só aos 37 anos que conseguiu mudar o seu nome, para Fernanda, no bilhete de identidade, mas só depois de um longo e processo doloroso: «Fui operada numa cave, senti os cortes e os agrafos».
Admite que o processo de redefinição do corpo era dispendioso e por isso se submeteu a «carniceiros». Foi discriminada, julgada e maltratada em todas as áreas da sua vida, desde que nasceu. Nunca “encaixava” em lado nenhum e tentou por termo à vida várias vezes. Cresceu numa solidão profunda e mais só ficou quando perdeu a mãe, aos 31 anos, a única pessoa que sempre a defendeu.
Apesar das contrariedades, Fernanda, hoje pode dizer que é feliz e está em paz com o seu passado. Parapsicóloga há 14 anos, encontrou a sua vocação na área espiritual, inspira e ajuda outras pessoas, através da sua história. Sente-se mulher e pode mostrá-lo. Encontrou o amor e está noiva de Hélder, a quem chama “companheiro de vida”.