Nove membros do clero e um leigo foram afastados do exercício de funções pela Igreja Católica, na sequência de suspeitas de abuso sexual sobre menores, informou a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
A CEP adianta que o afastamento do exercício do ministério decorre do “trabalho efetuado pela Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas [de proteção de menores], junto das respetivas Comissões, e pelo Grupo Vita”, noticiou esta quarta-feira a agência Ecclesia.
Segundo a informação disponibilizada, após o relatório apresentado em fevereiro pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja, criada pela CEP e liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, “foram afastados oito membros do clero, tendo regressado ao exercício do ministério seis sacerdotes, mantendo-se dois afastados”.
Na sequência do trabalho do Grupo Vita, “além do número anteriormente apresentado foram afastados nove membros do clero e um leigo com responsabilidades paroquiais, tendo dois sacerdotes regressado ao exercício do ministério, mantendo-se os demais afastados, bem como o citado leigo”, adianta uma nota da CEP citada esta quart-feira pela Ecclesia.
Assim, no total, em Portugal, e depois do trabalho da Comissão Independente, da Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e do Grupo Vita [criado após a cessação de funções da Comissão Independente e que é liderado pela psicóloga Rute Agulhas], há nove sacerdotes afastados do exercício do ministério e um leigo das responsabilidades paroquiais.
Segundo a CEP, ”já se encontram a receber apoio psicológico oito vítimas e um agressor” e uma das vítimas manifestou já a intenção de pedir uma indemnização.
A CEP decidiu, em 2021 criar a Comissão Independente, com vista a realizar um estudo sobre casos de abuso sexual na Igreja em Portugal nos últimos 70 anos. Aquela comissão iniciou a recolha de testemunhos de vítimas em 11 de janeiro de 2022, tendo validado 512 denúncias das 564 recebidas, o que permitiu a extrapolação para a existência de um número mínimo de 4.815 vítimas desde 1950.
Já em abril deste ano, a CEP criou o Grupo Vita, que tem como tarefas acolher denúncias de abuso, trabalhar na prevenção e acompanhar vítimas e agressores, tendo recebido 56 pedidos de ajuda até ao mês de setembro.