Sintra: «Tenho vergonha de morar neste concelho» - TVI

Sintra: «Tenho vergonha de morar neste concelho»

  • Portugal Diário
  • 17 mar 2007, 16:35

Manifestantes protestam contra linha de muito alta tensão

Moradores de Colaride, Sintra, concentraram-se este sábado num protesto contra a construção de linhas de muito alta tensão, cujas torres estão colocadas a poucas dezenas de metros de habitações, refere a Lusa.

Faixas exibidas por alguns dos cerca de 100 populares que se manifestaram no Largo do Mercado de Colaride, demonstravam o estado de espírito da população: «Tenho vergonha de morar neste concelho» e «Deixem os nossos filhos viver em ambientes saudáveis», eram alguns dos dísticos.

Presente na concentração, António Filipe, deputado do PCP e membro da Assembleia Municipal de Sintra, aludiu a questões de saúde na «zona de São Marcos, onde há incidência de doenças oncológicas e as pessoas pensam que possam estar relacionadas com as linhas de alta tensão existentes».

«As pessoas não obtiveram respostas das entidades oficiais às suas dúvidas e da parte da Câmara de Sintra houve alguma ambiguidade em relação a esta questão», acusou António Filipe.

Também presente em apoio aos moradores, o deputado do Bloco de Esquerda Francisco Louçã sublinhou os problemas que resultam da proximidade das torres, considerando que «a existência de campos eléctricos muito fortes tem incidência sobre a saúde».

«O município tem que ter um papel muito importante nesta situação, porque estas linhas passam no seu território», defendeu Louçã. Um morador em Colaride, José Martins, assegurou que «em São Marcos, onde passa uma linha de alta tensão, nos últimos 10 anos já morreram 14 pessoas com problemas oncológicos, dos quais cinco óbitos verificaram-se em 2006».

Em declarações à Lusa, o morador defendeu que as linhas deviam ser enterradas na sua aproximação ao bairro.

«Já bastam as duas linha de alta tensão que passam sobre o bairro há 14 anos, e ainda nos colocam estas duas linhas de muito alta tensão», sublinha este morador.

As torres, que têm entre 45 e 70 metros de altura, marcam a paisagem urbana e estão a provocar, segundo Filipe Pedrosa, dirigente da associação Olho Vivo, outros danos colaterais.

«As casas por onde passam as linhas de muito alta tensão, estão com uma desvalorização de 50 por cento e há situações em que a venda das casas não chega para cobrir o valor da penhora ao banco», refere o responsável da associação Olho Vivo.
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