Descarga de efluentes suinícolas é «lamentável»

O ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, considerou hoje, «lamentável» a descarga de efluentes suinícolas verificada quarta-feira à noite na ribeira dos Milagres, em Leiria, e assegurou que existem mecanismos legais para tratar da questão, informa a agência Lusa.

«Incidentes desse tipo são lamentáveis, porventura resultam da menor consciência de um ou outro agente económico», disse o ministro, que falava em Bruxelas, no final de um encontro com a comissária europeia responsável pela Política regional.

Nunes da Silva acrescentou haver «mecanismos legais» para tratar do problema e deu como exemplos a existência de um corpo particular da GNR que actua nestes casos e de inspectores que trabalham no terreno e que, «concerteza, terão averiguado o que se passou».

O ministro explicou que o Governo tem em curso «uma acção de grande importância» no sentido de associar os suinicultores da região numa entidade que em conjunto faz o tratamento dos seus efluentes, que são em seguida lançados num sistema próprio, mas que esta ainda não está finalizada.

«Infelizmente estas coisas poderão acontecer neste período transitório», afirmou Francisco Nunes da Correia, acrescentando que o sistema que está a ser aplicado, dentro de um ano e meio a dois anos «obviará a situações deste tipo».

Uma descarga poluente foi sentida, quarta-feira, à noite pela população de Milagres, Leiria, um caso que foi denunciado pela Comissão de Ambiente e Defesa da Ribeira local.

Segundo José Carlos Faria, porta-voz desta comissão, a poluição começou a ser notada pelos populares a partir das 22:00 quer devido à cor escura da água quer ao cheiro intenso a efluente suinícola.

Apesar de estarem proibidos de fazer despejos de grandes dimensões em cursos de água, os efluentes acumulados nas suas explorações são um motivo de preocupação para os empresários que têm alegado ter terrenos agrícolas em pouca quantidade para os espalhar, como está previsto por lei.

O sistema de saneamento dessas unidades empresariais deverá estar concluído dentro de dois anos pelo que até lá a associação do sector está a tentar minimizar os efeitos, reforçando a limpeza de fossas e alargando o número de terrenos utilizados para espalhamento dos dejectos como adubo agrícola.

A Ribeira dos Milagres tem sido palco, ao longo dos anos, de grandes descargas de efluentes suinícolas, situação que se espera fique resolvida no âmbito do projecto de despoluição da bacia hidrográfica do rio Lis.