Primeiro o concerto de apitos... e só depois a voz da maior soprano portuguesa, Elisabete de Matos. José Sócrates entrou na Casa da Música pela porta lateral mas, se não viu, certamente ouviu os apitos e as palavras de ordem das largas dezenas de trabalhadores e estudantes à volta da Casa da Música.
Alinhados do outro lado do passeio, em plena Rotunda da Boavista, os manifestantes prepararam um «concerto alternativo». No cartaz podia ler-se «A música aqui é outra! Pelo Trabalho». Uma música menos erudita, mas muito mais importante para quem fez ouvir a sua voz.
PUB
Apitos e palavras de ordem gritados por megafone deram o mote: «Mentiroso, mentirosos», «Europa global, só interessa ao capital» e «Está na hora de ires embora».
Empunhando um cartaz com a inscrição «Fundação igual a privatização. Por uma educação pública gratuita de qualidade para todos», Maria João Antunes, estudante universitária, foi até à Casa da Música para gritar contra a «elitização do ensino» que o processo de Bolonha promove: «Quem quiser um mestrado tem de pagar propinas astronómicas», explicou em declarações ao PortugalDiário.
A presença de Cristina Monteiro do «Movimento dos Trabalhadores Desempregados» no protesto é «por demais evidente», diz. «Somos mais de 100 mil no Porto», lembra o cartaz que segura nas mãos. «Viemos aqui mostrar o nosso descontentamento», garante a desempregada.
Enquanto o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, os comissários europeus e os membros do Governo, bem como outras individualidades, desfilavam à entrada da Casa da Música, alinhados na Rotunda da Boavista, os trabalhadores gritavam «contra a precariedade do emprego». «Não Europa da precariedade: recibos verdes = desigualdade»
O concerto na Casa da Música assinala oficial e simbolicamente o arranque da terceira presidência portuguesa da UE.
PUB