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Morreu o cantor e compositor Fausto Bordalo Dias. Tinha 75 anos

Artista nasceu a bordo do navio "Pátria", durante uma travessia entre Portugal e Angola. Autor de "o barco vai de saída" ou "a guerra é a guerra", editou o primeiro disco enquanto estudante

O cantor Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias, melhor conhecido como Fausto Bordalo Dias, morreu esta segunda-feira aos 75 anos, avançou a RTP e confirmou a CNN Portugal junto de fonte familiar. O artista é lembrado por músicas como "O barco vai de saída" ou "A guerra é a guerra".

Nascido a 26 de Novembro de 1948, a bordo do navio "Pátria", durante uma travessia entre Portugal e Angola, Carlos Gomes Dias estudou Ciências Políticas no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, hoje em dia ISCSP. Foi ainda enquanto estudante que gravou o primeiro disco, "Fausto", marcado por canções com grande teor interventivo e integrou o núcleo dos cantores de resistência ao fascismo aquando do 25 de Abril de 1974.

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Fixou-se em Lisboa em 1968, quando entrou no antigo Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, atual ISCSP - Universidade de Lisboa, para se licenciar em Ciências Sócio-Políticas.

A adesão ao movimento associativo aproxima-o de compositores como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire e, mais tarde, de José Mário Branco e Luís Cília, que já viviam no exílio.

É nessa época que grava "Chora, amigo chora", que em 1969 lhe deu o Prémio Revelação do antigo programa de rádio Página Um, transmitido pela Rádio Renascença.

"Pró que Der e Vier" (1974) e "Beco sem Saída" (1975) contam-se os seus dois trabalhos iniciais marcados pela experiência revolucionária.

A esses seguiram-se "Madrugada dos Trapeiros" (1977), que inclui a canção "Rosalinda", "Histórias de Viajeiros" (1979), que abre já caminha a "Por Este Rio Acima" (1982), o seu grande sucesso, inspirado na obra "Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto.

Com "Para Além das Cordilheiras" (1989) venceu o Prémio José Afonso.

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"O Despertar dos Alquimistas", "A Preto e Branco", "Crónicas da Terra Ardente" são outros dos seus álbuns.

Em 2003 compôs "A Ópera Mágica do Cantor Maldito" (2003), uma perspetiva sobre a história portuguesa pós-25 de Abril.

Em 2009, com José Mário Branco e Sérgio Godinho, fez o espectáculo "Três Cantos", sobre o repertório dos três músicos, dando posteriormente origem a um álbum com o mesmo nome.

"Com Fausto, é toda uma viagem pelo universo dos sons, da memória colectiva, do sentir mais profundo que nos une enquanto comunidades", lê-se na página dedicada ao músico.

Marcelo lamenta morte 

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do cantor e compositor e considerou que o seu legado musical se confunde com a própria história de Portugal.

Numa nota de pesar publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que "recebeu com tristeza a notícia da morte de Fausto Bordalo Dias, que ao longo de décadas deixou um legado musical que se confunde com a própria história de Portugal".

"Fausto pertencia a uma constelação de músicos que traduziu para as canções de intervenção o sentimento do povo português, e é por isso inevitável associar o nome de Fausto aos nomes maiores da música portuguesa, como José Afonso, José Mário Branco ou Sérgio Godinho", acrescenta-se na mesma nota.

O chefe de Estado envia "as mais sentidas e afetuosas condolências" aos familiares e amigos de Fausto Bordalo Dias.

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