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Não podemos dizer «casa segura»

Nova presidente do Conselho Directivo da Casa Pia garante não saber de novos abusos sexuais dentro da instituição. Mas disse que soube da carta enviada à PGR por Catalina Pestana. Joaquina Madeira confessa ainda não se pode garantir «que a casa é totalmente segura». Casa Pia: mais abusos sexuais

A presidente do Conselho Directivo da Casa Pia garantiu esta quarta-feira que não tem indícios de novos abusos sexuais dentro da instituição, como foi denunciado pela antiga provedora Catalina Pestana.

Catalina Pestana, que abandonou o extinto cargo de provedora em Maio último, disse em entrevista ao semanário SOL, na sexta-feira passada, não ter «dúvidas nenhumas de que ainda existem abusadores internos na Casa Pia de Lisboa».

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A ex-provedora disse também que, um dia antes de abandonar o cargo, enviou uma carta ao Procurador-Geral da República (PGR) a relatar os eventuais abusos e as suas «fortes suspeitas de que redes externas continuam a usar miúdos da Casa Pia para abusos sexuais».

Em entrevista à agência Lusa, a nova responsável pela instituição, Joaquina Madeira, disse que desde que está na instituição, há cerca de um ano e meio, não teve conhecimento de quaisquer novas situações de abuso sexual de alunos.

«Não há nada que indicie comportamentos estranhos dessa ordem. Só posso falar do que sei. Deste ponto de vista não estou tranquila, nem nunca estarei tranquila. O problema existe em toda a sociedade, mas dentro da Casa Pia não tenho indícios, de maneira nenhuma, que me possa levar a aceitar que digam que existem abusos sexuais», acentuou.

Joaquina Madeira esclareceu que não recebeu, até ao momento, dos funcionários qualquer participação sobre alegados abusos sexuais e que se «reúne regularmente com dirigentes e equipas técnicas sendo este um assunto sempre abordado».

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Quanto a eventuais redes externas que usem alunos da Casa Pia para abusos sexuais, Joaquina Madeira disse que Catalina Pestana «fez exactamente o que deveria ter feito».

«Havendo suspeitas fez a apresentação da sua queixa ao Procurador-Geral da República», disse, acrescentando que Catalina lhe deu conhecimento disso.

A Procuradoria-Geral da República confirmou a abertura de um inquérito com base nas queixas de Catalina, mas a nova responsável pela Casa Pia disse que ainda não foi notificada para ser ouvida. «Não fui chamada ao Procurador, nem a Casa Pia foi notificada desse processo», garantiu.

Não se pode garantir «que a casa é totalmente segura»

Joaquina Madeira, que integrou a comissão instaladora que delineou a reestruturação da Casa Pia após o escândalo de pedofilia com alunos da instituição, actualmente em fase de julgamento com sete arguidos, disse à Lusa que, apesar do reforço das medidas de controlo, segurança e prevenção, não se pode garantir «que a casa é totalmente segura».

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«Seria estultícia da minha parte dizer que qualquer casa deste tipo é segura. Sei é dizer que trabalhamos com as crianças no sentido de elas adquirirem as suas defesas próprias para se saberem proteger dentro, fora da casa, no caminho da escola, seja onde for», acentuou.

Joaquina Madeira sublinhou que a Casa Pia de Lisboa (CPL) «tem as medidas de segurança normais» de instituições deste tipo. Temos 40 seguranças 24 horas por dia em todos os estabelecimentos e que fazem o controlo exaustivo de entradas e saídas com relatórios diários e vamos também apostar num sistema de vigilância electrónica».

Além disso, acrescentou, as crianças que frequentam os lares «são acompanhadas pelos educadores, que, por sua vez, são acompanhados por uma equipa que reporta diariamente os acontecimentos do lar».

A presidente do Conselho directivo disse que a CPL «aposta também na formação das crianças» desde a creche, estando em curso um programa integrado de prevenção de abusos sexuais (PIPAS), que visa formar, sensibilizar e informar da atitude e comportamentos que devem ter perante perigos que possam existir neste campo. «O abuso sexual já não é tabu», é um assunto falado diariamente, vincou.

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