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IndieLisboa: o pulsar da vida a vermelho em Macau

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Curta de João Rui Guerra da Mata e João Pedro Rodrigues entra em competição

«Alvorada Vermelha» é a nova curta-metragem de João Rui Guerra da Mata e João Pedro Rodrigues que entra em competição no Indielisboa esta segunda-feira e amanhã: na Competição Internacional e na Nacional. O filme começou por ser parte das filmagens que os dois realizadores estão a fazer para a próxima longa-metragem conjunta - que se chamará «A Última Vez que Vi Macau» -, como ambos contaram ao Cinebox. Depois, as imagens do Mercado Vermelho de Macau ganharam interesse próprio.

João Rui Guerra da Mata recordou que o Mercado Vermelho é das poucas coisas que ainda se mantêm como há 30 anos, na última vez que tinha estado lá: «Há toda uma série de coisas em Macau que está a desaparecer e nós achámos que era engraçado - porque é um lugar peculiar - fazer um objecto, um documentário especificamente sobre o Mercado Vermelho.» Este objecto com direito a existência própria inunda-nos o campo visual pela força da sua cor e pelas vidas que ali são vividas a vermelho.

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O Mercado Vermelho sempre se destacou pela cor do tijolo com que foi construído, Mas há mais do que a arquitectura que contrastava naquela zona. «As luzes também são vermelhas. Os sacos das compras são vermelhos - é quase uma manobra de marketing, não sei se consciente se não. Há toda uma série de coisas. Nós apercebemo-nos e fomos filmando: os alguidares são vermelhos, as tesouras são vermelhas, as luvas são vermelhas, o homem que carrega a carne tem uma vestimenta vermelha», descreveu João Rui.

Dentro do cenário vermelho «interessou filmar os gestos das pessoas». «O filme, no fundo, tem pequenos esboços de personagem. Porque há duas ou três pessoas que vemos várias vezes, que seguimos», explicou João Pedro Rodrigues sobre as «rotinas do trabalho» que acompanhamos: «Foi o que quisemos filmar: como eles matam os peixes, como eles escamam s peixes, como matam uma galinha, como cortam uma galinha. Esses gestos do quotidiano, daquelas pessoas e das pessoas que vão comprar coisas ali, são gestos muito banais. Mas a é a beleza da banalidade desses gestos também.»

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João Pedro explicou a «ideia de fazer uma coisa cronológica: «É o amanhecer de um mercado, por isso se chama Alvorada Vermelha. Desde o princípio: o mercado abre, as pessoas vão chegando, vão-se preparando, mudando de roupa, vão preparando as bancas e depois vai chegando o peixe...» «Aliás, estivemos horas infinitas à espera que o mercado abrisse porque era para nós fundamental que se visse o segurança a abrir a porta do mercado para entrarem os primeiros vendedores», contou.

João Rui revelou como foi tratado o que se ouve. Não interessa o que é dito, mas, frisa-se, o que se ouve: «Nunca pensámos obviamente em traduzir. Interessava-nos mais aqueles sons intensos e obsessivos dos frigoríficos misturados com os sons da preparação de cada alimento, o seu manuseamento e, ao mesmo tempo, os sons ambiente do mercado, umas pessoas a falar à nossa esquerda, à nossa direita...»

«As pessoas estão a falar, estão a pedir para comprar coisas... Não tem nada de especial, não é importante... A compreensão do documentário não está construída a partir de conversas», reforçou João Pedro com João Rui a frisar que «mais do que conversas», o que se ouve «é uma banda sonora», é «o som do mercado».

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Tendo nascido a partir de «A Última Vez que Vi Macau», «Alvorada Vermelha» volta à origem terminando com uma evocação de Jane Russell - a protagonista de «Macau» (1951), que é uma das inspirações «do filme grande»: «Quando estivemos em Macau pela última vez foi a altura em que a Jane Russell morreu.»

«Alvorada Vermelha», João Rui Guerra da Mata e João Pedro Rodrigues

Às 16h45 na Culturgest

Repete 3ª feira, dia, 10, às 19h00 na Culturgest

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