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Há uma geração de novos pobres

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Distrito do Porto vive situação de «emergência social» e há cada vez mais desemprego e famílias com fome

Num distrito com a maior taxa de desemprego, onde mais de 25 por cento da população é pobre (aufere menos de 366 euros ou menos por mês), onde os sectores de actividade tradicionais praticam o salário mínimo quase como regra, onde são frequentemente anunciados encerramentos de empresas, os pedidos de ajuda aumentam todos os dias. Num debate IOL/Agência Financeira sobre o desemprego, a pobreza e a fome no distrito do Porto e muito especificamente no Grande Porto, o presidente da Liga Nacional Contra a Fome, Gaspar Pessoa, e o presidente da União de Sindicatos do Porto, João Torres, traçam um cenário negro de um distrito que, dizem, vive uma situação de «emergência social».

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«Cada ano que passa sente-se uma pobreza mais acentuada», diz Gaspar Pessoa. E agora, acrescenta, «surgem os novos pobres, pessoas que tinham bons empregos e, de repente, um membro do casal fica desempregado ou ficam os dois... E batem-nos à porta». Na LNCF, os voluntários já se habituaram a ouvir desabafos: «Eu nunca passei por isto. Como foi possível acontecer-me?».

Este responsável explica que estas pessoas quando chegam à Liga «é já no fim da linha». Mas «têm vergonha. Ficam no carro e mandam alguém lá buscar comida». E se recebem o apoio da LNCF é porque precisam mesmo. As situações são sempre avaliadas no terreno e, sublinha Gaspar Pessoa, «damos prioridade a famílias que têm mesmo necessidade, que não têm sequer um pão para comer».

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João Torres reconhece que «não será fácil dizer que se tem fome», mas, acrescenta, «é previsível que isso aconteça»: há muito desemprego no distrito e praticam-se salários muito baixos. E isto acontece em quase todos os sectores, principalmente nos mais tradicionais na região, têxtil/vestuário e calçado, onde o salário mínimo é o normal.

Perante isto, sustenta o presidente da União de Sindicatos do Porto, «chega-se à conclusão que tem mesmo de haver muita pobreza. Aliás, diz, as perspectivas de futuro para o distrito são muito negras: «Em Dezembro havia mais de 98 mil desempregados, a que acrescem três mil em programas ocupacionais e mais 56 mil em formação profissional. E ainda prevemos o crescimento do desemprego e da pobreza».

A estes factores laborais, Gaspar Pessoa acrescenta outros, de ordem familiar e social, que conduzem as famílias a situações limite: «O desagregamento familiar, que surge muitas vezes porque não há dinheiro ou porque não há emprego. E com o divórcio cai-se mesmo na desgraça».

A conclusão é fácil de tirar: «O Porto vive uma situação de emergência social». E já vive «há tantos anos», acrescenta João Torres. «O primeiro-ministro Durão Barroso apresentou uma série de medidas para o Porto, mas verificou-se que a montanha pariu um ratinho... precisamente um ano depois, Santana Lopes apresentou também medidas para o Porto... Mas isto não vai lá com conversas, só com ruptura destas políticas», finaliza aquele sindicalista.

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