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Reclusas mostram beleza entre grades

No Dia Internacional da Mulher, detidas arranjaram as unhas e o cabelo

As reclusas da prisão de Leiria apagaram esta quinta-feira as rugas do cansaço da vida entre grades e maquilharam as caras como estrelas de cinema, transformando-se em modelos de beleza feminina.

«Nós aqui esquecemo-nos que somos mulheres. Parece que morremos para o mundo. Hoje ressuscitei», disse Aurora, de 26 anos.

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Presa há dois anos, a reclusa sorri enquanto vê ao espelho a transformação a que foi sujeita por alunos de uma escola de beleza de Leiria, que hoje esteve na ala feminina do Estabelecimento Prisional Regional.

No Dia da Mulher, reclusas tiveram direito a manicura,

depilação e cabeleireiro

A direcção da prisão decidiu comemorar o Dia Internacional da Mulher de um modo diferente e, em vez das habituais palestras sobre a condição feminina, a opção foi valorizar a auto-estima das reclusas com manicura, depilação, lavagem, penteados ou maquilhagem.

«Eu nem acredito que sou a mesma», desabafou outra reclusa, no final de mais uma transformação do rosto, que lhe taparam as olheiras causadas pela vida difícil e as marcas da idade.

Isabel tem 50 anos e 12 filhos mas rejuvenesceu «dez anos» com o tratamento de beleza a que hoje foi sujeita, numa espécie de linha de montagem de cuidados de beleza que foi instalada em duas salas da prisão.

«Quando somos presas, ficamos esquecidas por todos. E até somos nós que nos esquecemos de nós», desabafou Isabel, que depois dos cuidados de beleza já sorria de lábios abertos. «É só olhar para o espelho e somos outras», disse.

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Sofia, outra das reclusas que aguardava vez na fila, não escondia o entusiasmo: «já tenho saudades que me lavem o cabelo».

A equipa de estudantes de cuidados de beleza não parava de atender os pedidos das reclusas, fosse arranjar as unhas, fazer permanentes ou madeixas.

«Elas fazem-nos os pedidos e nós tentamos satisfazer ao máximo», disse Rita Lucas, uma jovem de 19 anos que aproveitou o dia de hoje também para conhecer uma realidade social que lhe era estranha.

«Nunca tinha vindo a uma prisão mas estou a gostar muito delas», afirmou, referindo-se às suas novas «clientes».

Para Maria José Tomé, directora da escola de formação Visage, em Leiria, esta é uma «oportunidade de ouro» para envolver os alunos e reforçar o «lado humano» das reclusas, já que «toda a mulher gosta de se cuidar».

A experiência deste dia vai passar a ser repetida todos os meses, graças a um acordo que será celebrado entre a escola a prisão para que os alunos visitem as reclusas para cuidar da sua beleza e aspecto.

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«Parece que nós é que somos presas»

A cada uma das reclusas foi oferecido um conjunto com cremes, batons e perfumes, arrancando sorrisos de satisfação entre todos.

«Quem entrar aqui parece que nós é que somos presas», criticou, sorrindo, uma das guardas prisionais, enquanto apreciava os cuidados aplicados nas caras e nas mãos das reclusas.

Para a adjunta do director do estabelecimento, Natividade Monteiro, esta iniciativa visou «dar um dia diferente às mulheres» que ali se encontram, na maior parte das vezes «isoladas e privadas de qualquer tipo de deslocação ao exterior».

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